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Elisa Mota


Carioca criada em Joinville, morando algum tempo em São Bento do Sul e Florianópolis.

Sou vegetariana desde os dezessete anos e recentemente me mudei para a terra do churrasco (Pelotas - RS), onde faço graduação em biotecnologia. Gosto de arte, cultura geral, animais domésticos, psiclogia, história e filosofia. Gosto de algumas pessoas também. Aprecio culinária japonesa... mas tem que ser sem carne. Gosto de escrever, desenhar, conversar, tocar violão, perder tempo na internet e dormir.


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Desabafo de uma não fumante

Sexta, 16 de dezembro de 2011

Festinhas de fim de ano, viagens em transporte coletivo e a ocupação de áreas “improdutivas” (destinadas especialmente ao ócio) estão por vir e o presente texto não se trata de mais palavras de esperança e nostalgia associadas ao fim do ano: As linhas a seguir trazem palavras contundentes, sem ternura, numa crítica ácida aos “sinais de fumaça”. Portanto, para garantir o bom humor no resto do dia, pare por aqui! Peço desculpas aos que prosseguirem a leitura e se sentirem agredidos, mas veio a mim um impulso de tratar do tema e talvez mais pessoas tenham o mesmo protesto a fazer.

A decisão de iniciar gradativamente a própria cremação, carbonizando principalmente as vias aéreas, cabe a cada um. Mas vale lembrar que não são só familiares e amigos que lamentam as conseqüências: além dos gastos na área da saúde, pagos inclusive com impostos dos não fumantes, aqueles que convivem (ainda que raramente) com a fumaça, o mau hálito e o odor (agravados quando são consumidos os cigarros “pirateados”) são demasiadamente incomodados.

Viagens de ônibus, por muitas horas, não são das mais confortáveis (exceto em leitos). Certamente pioram se o cheiro de quem está próximo for muito forte. Claro, há fedores e fedores, mas trataremos apenas dos de cigarro. Um de marca conhecidíssima, no “sabor” tarja vermelha, é dito até por amigos fumantes que “fede horrores”. Concordo, mas seria injusto não citar concorrentes à altura (em minha opinião, até mais “socialmente venenosos”): os falsificados, cujo odor chega a causar náuseas. Não é exagero: já viajei por mais de sete horas ao lado de alguém que havia fumado, em seqüência, alguns destes. Foi revoltante e desesperador. Porém, lembrando um princípio de educação e empatia, de modo algum trataria mal a pessoa ao meu lado. Guardei para mim o desconforto daquela ocasião e tentei não ser muito lacônica ao ouvir suas histórias, embora uma reflexão não pudesse deixar de ocorrer: eu estaria mais feliz se existissem lugares reservados aos fumantes nos ônibus, mesmo com a proibição de fumar em seu interior. Assim, a respiração fluiria naturalmente, sem se tornar motivo de estresse.

Praias são ambientes de descanso e diversão, o refúgio após exaustivos meses de trabalho ou estudos. Todos merecem aproveitá-la da melhor forma e entendo que os fumantes tenham o desejo de fumar na praia. Mas é muito desagradável quando, após peregrinar para encontrar um espaço livre para guarda-sol e cadeiras, você se instala e alguém nas proximidades, logo depois, acende um cigarro e o vento leva a fumaça até você. Simultaneamente ao consolo de que o cigarro da pessoa já está no fim, vem à mente o padrão de consumo de cigarros: dificilmente alguém fuma só um cigarro durante um período na praia e por todo o tempo em que cigarros forem acesos, o vento provavelmente não mudará de direção. É realmente irritante, pois ao contrário de um lugar público em que você possa se afastar ou trocar de mesa, a praia tem altíssima densidade demográfica e pouco território disponível para migrações. Além disso, um novo esforço para se fixar o guarda-sol na areia seria feito e não há garantia alguma de que o novo lugar estará livre da fumaça.

Já dizia o pai do cineasta André Abujamra: “ a vida é sua, estrague-a como quiser”. Contudo, afetamos sutilmente a vida alheia a cada escolha que fazemos. Não cabe a mim questionar os motivos que levaram qualquer indivíduo a começar a fumar ou julgar os que não pararam de fumar. Da mesma forma que não fumantes não querem “sua praia invadida”, os fumantes às vezes querem apenas o direito de manter um hábito “em paz”. Cabe a cada ser vivo determinar as concessões que fará para conviver sociedade, mas cada um é dono da própria saúde e não é justo prejudicar os demais por nossos hábitos. Portanto, ao acender um cigarro, lembre-se de quem está ao seu redor. Obrigada pela atenção!



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