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Elisa Mota


Carioca criada em Joinville, morando algum tempo em São Bento do Sul e Florianópolis.

Sou vegetariana desde os dezessete anos e recentemente me mudei para a terra do churrasco (Pelotas - RS), onde faço graduação em biotecnologia. Gosto de arte, cultura geral, animais domésticos, psiclogia, história e filosofia. Gosto de algumas pessoas também. Aprecio culinária japonesa... mas tem que ser sem carne. Gosto de escrever, desenhar, conversar, tocar violão, perder tempo na internet e dormir.


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Liberdade engarrafada

Segunda, 05 de dezembro de 2011

O recipiente é minuciosamente moldado para que o conteúdo seja mais atraente, um rótulo que descreve a composição das substâncias sem mencionar as conseqüências de sua ingestão. Ao contrário da exigência aos fabricantes de cigarros, dos alertas na embalagem, a indústria da bebida só precisa acrescentar o “beba com moderação”, ao fim de seus anúncios.

O etanol (álcool usado em bebidas) é considerado uma droga lícita, associada à alegria e comemorações (assim como as ilícitas, para os usuários). Seduz por sua publicidade e por ser consumido por boa parte da população. Os rituais de iniciação e “passagem para a vida ‘adulta’” normalmente ocorrem na adolescência e quem não aderir pode sentir-se excluído. Se a descoberta não acontecer nesse período, provavelmente surgirá com a entrada na faculdade, em que é comum jovens saírem de casa e gozarem de mais liberdade para experimentar novas sensações. A ansiedade por aceitação do grupo de convívio não é menor: longe da família e dos amigos, é preciso suprir a necessidade de afeto com pessoas antes desconhecidas. Aos mais “carentes”, pode ser difícil negar a participação em certas “brincadeiras” ou manter-se inibido em festas, diante da vontade de dançar ou aproximar-se de um candidato (ou candidata) a um relacionamento amoroso.

Creio que à maioria beber não é grande problema: socialmente, entre amigos, as conseqüências mais comuns são ressaca, vômitos e relatos que farão parte do anedotário da turma. Pode haver algum efeito mais grave, como um coma alcoólico, uma briga violenta ou acidente de trânsito. Nesses casos, um deslize momentâneo pode trazer efeitos irreversíveis e sofrimento, inclusive às famílias dos envolvidos. Porém, apesar de não ser inteligente “dar chance ao azar”, conhecer novas sensações e testar os próprios limites faz parte do amadurecimento. Mas ainda que o acaso não faça vítimas instantâneas, existem indivíduos mais sensíveis à ingestão do álcool etílico, passíveis de desenvolver doenças como a cirrose hepática ou a dependência.

O composto engarrafado cria a ilusão de que não há limites para as vontades humanas. O mundo se torna mais bonito e atraente, a vida faz mais sentido naquelas horas em que mergulha na “felicidade”. Alguns nem se lembram do que viveram inebriados. A dependência é expressa tanto em manifestações corpóreas quanto na depressão ao “acordar do transe”. Frágeis como um copo de vidro tornam-se a auto-estima e as relações sociais dos dependentes. Aos fortes, vem a disposição para emergir do álcool e deixar de castigar o próprio corpo e as pessoas com quem convivem.

Estes passam a combater os desejos mais ardentes de voltar ao universo dos sonhos, para não comprometer a própria realidade. Ignorar os persistentes comerciais de cerveja e seu incentivo ao consumo excessivo do produto, além de sua proteção (se necessário) com a própria vida, ao salvá-lo de tubarões e desastres naturais. Enfrentam a publicidade de uísque e outras bebidas, além das implicações sociais de não tomar vinho ou champanhe. Convivem com preconceito, privações e a batalha de reconstituição das relações sociais assoladas pelo alcoolismo. Nada mais justo que lembrá-los, ao menos um dia no ano: Nove de dezembro, dia do alcoólico recuperado.



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Maurélio Machado


O álcool é um grave problema mundial. O consumo constante e excessivo de bebidas alcoólicas,interfere na vida social, familiar e profissional. Problemas que fazem parte do dia a dia de muitos...É preciso limites para consumir bebidas alcoólicas (o ideal é não beber).A indústria e a mídia, grandes incentivadoras do consumo deste "universo de sonhos" deve ser moderada mais rigorosamente pelas leis. Parabéns pelo magnífico artigo Elisa, abraços.

Responder      12/12/2011

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