Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
Que loucura o “frenesi” do povo em época de fim de ano, com as correrias de última hora. É quase que um vício já incorporado pelas pessoas – e se não for assim, parece não ser Natal.
Todos os anos as promessas de mudanças. Ano que vem será diferente. De que vale tanto cansaço e desgastes se a vida segue seu curso natural? Dizem. E quando vemos, tudo parece pior do que já estava.
São compras compulsivas. São gastos fora de propósito. Bugigangas acumuladas. Bondades passageiras. Vontade obsessiva de dar e receber gentilezas. Comidas e bebidas para atravancar dietas e entupir o fígado.
Enfeitar a casa. Listas de presentes que mudam a cada ano. Uns entram, outros saem, mas elas só aumentam. Atropelar-se em compromissos envolvendo confraternizações. Amigo secreto é coisa que já arrepia quando chegam com o saco para sorteio.
É interessante o mergulho coletivo que se dá, nesta época, num congestionamento de idéias e atitudes. Mesmo os supostamente preparados acabam cedendo a algumas das tentações trazidas por um clima contagiante e por vezes alucinógeno até.
Pensando bem não é culpa do tempo tal situação - e sim de nossa falta de tempo. O mundo moderno, mesmo com suas facilidades, levou embora o romantismo e o encantamento do que hoje é saudades apenas.
O orar em família frente às quatro velas do advento. O festejar São Nicolau. O preparar a casa. As receitas natalinas. Os presentes. Envio de cartões. A elaboração minuciosa do presépio. A chegada do Papai Noel. A véspera. O dia. A missa do Galo. A alegria da noite mais longa e do dia mais curto do ano. Quanta nostalgia num espaço que sofreu, em tão breve intervalo, tantas alterações.
Correndo mais ou menos. Incômodos à parte. Mesmo gerenciando desgastes, estresse e comportamento multifuncional, é preciso que se pare ao menos um pouco e se pense…
Se pense na vida e seus reais valores. No que vale verdadeiramente à pena. Onde poderemos nos nutrir de alimento espiritual. A busca apontando alicerces firmes para benefício contínuo.
Mesmo num mundo em que a palavra de ordem é correr e correr. Pelo menos agora, no Natal e no Ano Novo, diminua a velocidade, estacione, revise o carro, abasteça e continue a viagem.
E continue com a certeza de que a engrenagem está apta a conduzi-lo com segurança, habilidade e principalmente responsabilidade, em todos os sentidos.
Lembremos que somos dirigentes de nossas próprias vidas e bem por isso sempre afetamos, direta ou indiretamente, a vida do próximo.