Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
Nossa vida é uma sucessão de ganhos e perdas. Mas ninguém quer perder.
Perda se reporta a insucesso, fracasso, incapacidade. Quando perdemos partimos do princípio que fomos, de alguma forma, injustiçados.
Acredito que o homem tende a lidar com tanta dificuldade quando tratamos de perdas, por saber que o mais precioso dom, aquele que lhe permite toda a análise em questão, a vida, nos é tirada a qualquer momento, determinado por um Ser superior, que sabe o que é melhor para nós.
Lidamos bem com tanta coisa. Muda aqui, leva ali, faz diferente lá. Mas o assunto morte é quase um tabu. Levanta estranheza e dúvidas infindas. São mistérios, são questionamentos, são lacunas. Afinal, por que morrer é tão difícil?
Educação, formação, cultura. Fomos treinados assim. Houve uma época em que não sabíamos nada sobre o assunto. Doce época. Aí a maturidade, experiências mal sucedidas, nos levam a riscos que precisam de atenção e interpretação.
Nascemos, que alegria. Que mistério. Nos desenvolvemos e vivemos. Envelhecemos conforme o caso. Morremos, que tristeza. Que mistério.
É justo alguém morrer? É preciso que alguém se vá? Dor, lágrimas, saudade. Não importa idade. Nem como, nem onde, nem nada. O que fica é o vazio. A revolta. A indignação. As respostas não respondidas.
A cura? Dizem os sábios que está no silêncio e no tempo.
No silêncio falamos com eles. O tempo nos aproxima, a cada dia mais, deles.
A morte em seu lado humano é um castigo. Vem para que outros sofram consequências irreparáveis.
A morte em seu lado espiritual é uma premissa de vida, é o desapego ao material e o renascer prometido por Deus.
Pelo sim ou pelo não, estamos vivos e, cedo ou tarde, vamos enfrentar a morte. Por isso lembremos que tudo não passa de um preparo para um fim/reinício.
Fim acompanhado por todos. Reinício não. Para tal dinâmica é preciso coragem, esperança e fé.
A vida é uma passagem.
A morte é uma passagem.
Não é fácil. Dói. Machuca. Rasga. Porém...passa.