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Elisa Mota


Carioca criada em Joinville, morando algum tempo em São Bento do Sul e Florianópolis.

Sou vegetariana desde os dezessete anos e recentemente me mudei para a terra do churrasco (Pelotas - RS), onde faço graduação em biotecnologia. Gosto de arte, cultura geral, animais domésticos, psiclogia, história e filosofia. Gosto de algumas pessoas também. Aprecio culinária japonesa... mas tem que ser sem carne. Gosto de escrever, desenhar, conversar, tocar violão, perder tempo na internet e dormir.


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Melanina Cultural

Segunda, 21 de novembro de 2011

A escravidão foi parte da cultura de diversos povos, que assim puniam devedores e prisioneiros de guerra. Em relações ecológicas, algumas espécies praticam o esclavagismo, como ocorre quando formigas aprisionam um pulgão. No Brasil, apesar da persistência do trabalho escravo em algumas circunstâncias (mesmo com a proibição legal), o exemplo mais marcante da prática foram os trabalhos forçados dos africanos que aqui chegaram. Muitos não aceitavam as condições impostas, tentando a fuga daquela situação até por meio de suicídio. Os que conseguiam escapar "com vida" mudavam-se para os quilombos.

Em 20 de novembro de 1695, foi morto nas proximidades de Recife o líder quilombola mais famoso da história brasileira: Zumbi dos Palmares. A data tornou-se o dia da consciência negra. Ao contrário do que muitos pensam, Zumbi não foi o fundador do Quilombo dos Palmares: a comunidade teria surgido com o líder Ganga Zumba. Sua liderança foi passada à Zumbi quando os integrantes recusaram-se a aceitar um "acordo de paz" com a coroa portuguesa, ao qual Ganga Zumba quis aderir. Zumbi discordou e seus colegas o escolheram para comandar o quilombo.

Alguns historiadores afirmam que no quilombo todos eram livres, estando entre eles índios e brancos de baixa renda. Outros dizem que havia escravos no próprio quilombo, sendo Zumbi resistente apenas à própria escravidão, tendo perseguido negros que se recusavam a permanecer no quilombo. Mas a maioria concorda quanto à sua atuação contra as constantes investidas militares na região, sendo o líder figura fundamental para a preservação daquela comunidade. Portanto, tornou-se símbolo da resistência negra e da luta pela liberdade.

Quase um século após a morte de Zumbi ocorreu a Revolução Haitiana, que determinou a independência e (conseqüentemente) a abolição da escravidão, já que a população do Haiti era predominantemente escrava. A batalha na colônia de Saint-Domingue, que culminou no rompimento com a coroa francesa (metrópole), fez do Haiti o primeiro país governado por afrodescendentes. 

Quase cem anos depois, em 1888, o Brasil decretou o fim do trabalho escravo. Leis anteriores surtiram pouco efeito, pois eram incoerentes com a realidade vivida pelos negros: a Lei do Ventre Livre, de 1871, libertava recém-nascidos, mas mantinha seus pais escravos. A Lei dos Sexagenários, de 1885, libertava escravos com mais de 60 anos. Pouquíssimos atingiam a faixa etária e se atingissem, não teriam condições físicas de trabalhar pelo próprio sustento. O Brasil foi a última nação ocidental a abolir a escravidão.

Mesmo após a libertação dos negros, havia políticas que tratavam-nos como pessoas inferiores. A Revolta da Chibata, ao final de 1910, partiu de afrodescendentes da marinha brasileira, contra castigos corporais. Em 1948, foi adotado na África do Sul o Apartheid, que negava aos não caucasianos a presença em determinadas escolas e hospitais, além de dividir o espaço público entre áreas para brancos ou negros (Lei de Reserva dos Benefícios Sociais). Surgiram também leis de proibição de casamentos mistos (inter-raciais), áreas de agrupamento (definia locais em que determinadas etnias poderiam fixar-se). Criou-se a classificação dos afrodescendentes como "bantus", eliminando sua cidadania sul-africana e oferecendo-lhes um sistema educacional diferenciado (incentivo ao trabalho braçal). 

Nelson Mandela foi ativista contra  o Apartheid. Foi condenado à prisão perpétua, por recusar-se a abandonar suas reivindicações. Foi liberado após 28 anos de reclusão, por pressão da internacional. Foi convidado a integrar o Congresso Nacional Africado e posteriormente eleito o primeiro presidente negro sul-africano. 

Contemporânea a Mandela foi a costureira Rosa Parks, negra que se recusou a ceder seu lugar no ônibus para um homem branco, em dezembro de 1955, nos Estados Unidos. O episódio teve grande repercussão e foi o ponto de partida para manifestações anti-segregacionistas. O pastor negro Martin Luther King Jr concordou com a atitude de Rosa e passou a pregar, em seus sermões, o amor ao próximo e a não violência como formas de inclusão étnica. É freqüentemente lembrado por seu discurso “Eu tenho um sonho”.

Ainda que não inteiramente realizado, seu sonho foi base para a recente realidade de muitos. Em constante transformação, como as células humanas, incluindo os melanócitos (produtores de melanina, pigmento que escurece a pele para protegê-la da ação de raios solares). A secreção em questão torna-se visível externamente, ao contrário de muitas no organismo, que teriam muito mais motivos para serem alvos de atenção. Tão insignificante nas relações humanas, não deveria ser a causa de tanto sangue e lágrimas derramadas. Somos todos da mesma espécie.  Mas alguns se mostram mais evoluídos, por sua coragem de superar obstáculos impostos pela ignorância e a falta de altruísmo. 



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Maurélio Machado


Amiga Elisa, parabéns pela belíssima crônica "Melanina Cultural". Martin Luther King Jr dizia: "Eu tenho um sonho" - amor ao próximo e a não violência como formas de inclusão étnica(ainda não inteiramente realizado). Aqui tivemos o Zumbi dos Palmares, na Africa do Sul, Nelson Mandela e tantos outros no mundo que batalharam e ainda lutam pelo fim da segregação racial. O Brasil nesta questão racial tem uma grande dívida para com os povos africanos.Abraços e grato por suas visitas à minha coluna.

Responder      25/11/2011

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