Só neles…

Nossa vida se assemelha a uma viagem de navio. A imensidão é indecifrável. Partimos de um porto seguro, com destino tanto certo quanto incerto. Certo pelo inevitável morrer. Incerto por não se saber o que teremos a partir de então.

A embarcação depende de cada um. Bonitas, grandes, velozes. Luxuosas, modernas, equipadas. Pequenas, cômodas, práticas. Simples, românticas, enfeitadas. Desconfortáveis, perigosas, desgovernadas. Assim somos nós, barcos no mundo.

Condições de mar que vão de dias ensolarados a tempestades assustadoras. Capacidade ou não para enfrentar maremotos e tsunamis.

E um dia chegamos ao outro lado. Os que lá estão não voltam exatamente como gostaríamos para relatos. Há os que consideram tudo terminado. Temos os que acreditam em transformações e sinais.

No dia 2/11, quarta-feira próxima vindoura, dedicamos nosso culto aos mortos. Dia das almas. Dos que morreram para viver na eternidade.

Só eles é que experimentaram o processo da passagem. Só eles adentraram um outro espaço do cosmos. Só eles foram os escolhidos e chamados por Deus.

E bem por isso só neles podemos confiar. São os que, como espíritos de luz, nos guiam, orientam e energizam. Cuidam, e muito. Olham com afeição e carinho. Intercedem sempre.

Por aqui, no mundo dos homens, amar é sofrer. Porque nos apegamos, queremos, desejamos, controlamos, sufocamos…

Por lá, no mundo dos espíritos, amar é viver. Porque tudo pertence a todos e todos compõem o conjunto.

Eles foram contemplados com dinâmicas que permitem o espetacular exercício do amar sem vínculo material. Do amar pelo simples fato de dar e receber felicidade plena.

Assim creio ser… Assim espero… Só assim há motivos…

Celebremos com pensamentos, lembranças, recordações. Orações, pedidos e ofertas. Visitas aos campos santos, cidades sagradas. Flores, símbolos de paz. Chamas de velas, clareza nos caminhos que trilhamos.

Não deixemos de manifestar nunca essa que é a forma mais evoluída, difícil e verdadeira do amor. O não ver, o não tocar, o não interferir. Porém o acreditar e o sentir a névoa de fortes presenças em nossa alma e nosso coração.