Valores

Setembro chegou e com ele uma série de datas a serem pontuadas.

É mês cívico. É aniversário de São Bento do Sul. É Schlachtfest. É lembrança da morte de Sigmund Freud, pai da psicanálise. É primavera.

Como devemos enaltecer e reverenciar tudo o que é significativo positivamente, eis uma época de muita comemoração.

A primavera sempre é bem vinda. Despedimo-nos do frio intenso, que não foi nem um pouco gentil este ano e nos tornamos até mais leves com o colorido e o perfume das flores. O verde nos gramados volta a nos presentear com tapetes em tons variados. Já no início do período ocorre o  espetáculo das azaleias e suas roupagens, bem como glicínias formando cachos de encantamento.

O nome de Freud - e sua morte em 23 de setembro de 1939 -, é a passagem por um gênio pesquisador da mente humana. Encontrou para a sexualidade, o inconsciente, os sonhos e a superação de traumas, verdadeiras preciosidades.

A Schlachtfest é a marca registrada do município em termos de festa com proposta cultural. Não se faz nada igual durante o ano inteiro. É a iniciativa privada dando um exemplo de organização e trabalho voluntário. Atende desde o segmento mais exigente, procurando detalhes em números artísticos, até o mais despojado, que se contenta em comer e beber, fazendo da gastronomia o elemento principal.

O aniversário de nossa São Bento do Sul é o aniversário de todos nós. Sentimo-nos homenageados também. É aqui que vivenciamos nossas alegrias e nossas decepções. Somos os responsáveis pela preservação de um lugar aprazível que ainda pode, se quiser, e para isso precisa empenho, manter um estilo único, com charme europeu e costumes germânicos. Percebe-se visivelmente tais tesouros escorrendo, por culpa de muitos, de nossas mãos.

E o civismo é marcado pelo importante ícone, 7 de setembro, dia em que nosso país, o Brasil, tornou-se independente. Passou a caminhar com suas próprias pernas, seu ritmo e sua tônica administrativa.

Iniciaram-se aí, de um lado, tempos de glória, e de outro, de lastimável deploração.

Hoje não sabemos o que intuir exatamente, ou como interpretar os rumos da nação. Rica, exuberante, promissora. Prostituída, roubada e lentamente destruída.

O que dizer para crianças e jovens? Como explicar o agir político se quem, do alto dos poderes constituídos, traz a vergonha e a falta de escrúpulos como regra e não como exceção? Como não nos revoltarmos com tanta impunidade e com tanta porquice na política? Quanto mais vagabundo, ordinário e corrupto, mais oportunidades e acesso o infeliz possui.

A moral e os bons costumes, em meio a estes, são coisa fora de moda. É motivo gerador de piadas. É deboche em rodas em que se negociam propinas.

O que devem pensar alunos que desfilam pelas ruas diante de quadro tão deprimente? Andam de um lado para outro, alguns não sabem por quê. Outros recebendo um lanche, uma nota, um agrado na escola para se submeter ao entedioso processo. O que realmente isto nos ensina?

E, pior, precisam passar, por aí afora, em frente a palanques oficiais, onde estão muitos dos abomináveis personagens que tanto se dedicam ao jogo sórdido de cargos e salários. Estes sim deveriam desfilar e dar o exemplo, reverenciando uma pátria, ao invés de dela sugarem insaciavelmente e se revestirem de uma empáfia ridícula. É só lembrar de onde vieram e para onde daqui a pouco irão.

Pelo sim ou pelo não, que nossos educandos, dentro desta dinâmica deixando quase tudo a desejar, possam ao menos acreditar que o futuro lhes reservará uma sociedade um pouco melhor. Do contrário, como está, muito longe não vai.

Algo, mesmo que extremo, terá que acontecer. Aguardemos...