Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
Tão comuns em nossa São Bento do Sul, as variações climáticas nos apresentam todos os dias surpresas. Chegamos a ter as quatro estações num período de 24 horas.
Isso é bom por desenvolvermos um processo de adaptação apurado e habitarmos uma região em que o dinamismo do tempo nos obriga a movimentos diferenciados. Mas também é ruim, se analisarmos o fator saúde. Ninguém é de ferro e é comum sucumbirmos frente a tantos choques térmicos.
Mas o que realmente merece destaque é o termômetro emocional. As manifestações de ordem pessoal. O aspecto afetivo como um todo. Parece que as coisas estão à flor da pele.
É como se a chegada do frio desguarnecesse o ser humano de suas proteções. Não as possuindo, começa a queimar reservas, e estas também vão se esgotando.
Percebemos então a instalação do conflito. Família, economia e relacionamentos se abalam. O físico fragiliza. O espírito se inquieta. O trabalho passa a ser local para descarga de energias negativas e assim a tragédia está em andamento.
Ninguém preocupado senão consigo mesmo. Ataques constantes e tiroteio para todos os lados. Agressões oriundas de fatores questionáveis. Ansiedades e angústias jogadas ao vento e, pior, jogadas na cara dos outros.
A não resolução interior. O não acerto da própria vida. O descontentamento com as incompetências pessoais. O indivíduo é levado a projetar e fazer com que a busca de culpados seja uma verdadeira obsessão.
É deprimente você chegar ao ponto de encarar ambientes de trabalho como ringues, encenando lutas-livres. Ganham a força, a ignorância, o não diálogo, a não palavra e o fazer sangrar até cair.
Todo esse comparativo mostra o processo "tolerância zero". Onde está a época da conversa franca e autêntica? Onde está a verdade que clareia e irradia prenúncios de paz? Onde está a busca, por parte dos que detêm o poder, da conciliação e do "juntos somos mais fortes"?
Perguntas difíceis... Onde estão a seriedade, a sinceridade, a dignidade, a compreensão, o desapego e o amor? Onde estão os confidentes, cúmplices, amigos e amantes? Onde estamos nós, em meio a tantas incertezas, desamparados e vitimados por covardes apunhaladas?
É hora de refletir, parar, pensar.
É hora de olhar para o alto e entender que todas as respostas estão onde o perdão e a aceitação residem.
Falta ao homem coragem, determinação, fé.
Falta a ele mais espiritualidade.
Sem dúvida, falta-lhe a humildade pertinente a um Homem tão maior, Deus.