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Elisa Mota


Carioca criada em Joinville, morando algum tempo em São Bento do Sul e Florianópolis.

Sou vegetariana desde os dezessete anos e recentemente me mudei para a terra do churrasco (Pelotas - RS), onde faço graduação em biotecnologia. Gosto de arte, cultura geral, animais domésticos, psiclogia, história e filosofia. Gosto de algumas pessoas também. Aprecio culinária japonesa... mas tem que ser sem carne. Gosto de escrever, desenhar, conversar, tocar violão, perder tempo na internet e dormir.


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Por Quem os Sinos Dobram

Terça, 31 de maio de 2011

Ontem foi o último dia de ocupação do prédio da reitoria, na Universidade Federal de Pelotas. Eu estava lá. As reivindicações eram muitas, mas não tiveram a devida atenção antes da "invasão do espaço improdutivo". Ali, eu e alunos de diversos cursos ficamos e conversamos, durante muito tempo. A imprensa e alguns funcionários vieram nos visitar. Um advogado também, avisando que um mandado de reintegração de posse nos orientava a deixar voluntariamente a reitoria em meia hora, antes que os policiais nos convidassem a sair. Lá fora havia muitos policiais. Em número visivelmente maior que o de estudantes. Havia um cachorro da raça Rottweiller presente,
provavelmente a trabalho. Sabíamos que em pouco tempo estaríamos junto a eles, do lado de fora do prédio da reitoria. Era mais digno sairmos "com as próprias pernas", sem a necessidade de sermos "tocados" por policiais."Dizem pra você obedecer, dizem pra você compreender, dizem pra você cooperar, dizem pra você respeitar". Convenhamos que nem é preciso dizer... a classe trabalhadora em questão não precisa de palavras para se impor. "Fala com as mãos"... e o que traz nelas. "Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Optamos pela manutenção de nossa integridade física e saímos do prédio.

Alguns pais, pagadores de impostos - não tão visivelmente aproveitados no ensino público, mas suficientes para fornecer o armamento a ser usado contra seus filhos - veriam que um filho seu não foge a luta, se a eles fosse dada a igualdade de condições na competição com os policiais. Não necessariamente uma igualdade em conflito armado.
Apenas uma oportunidade de diálogo com as autoridades na certeza de que não haveria agressão física. Autoridades que nem sempre puderam escolher a carreira que preferissem, pela falta de oportunidades. Por não haver a chance de estar na universidade. Possivelmente, a imagem que tinham de nós era a de "herdeiros da burguesia", favorecidos pelo Estado, tendo a chance de estudar de graça e ainda assim incomodados e incomodando. Parte significativa dessa mesma "burguesia" só se sobressaiu pela própria determinação, trabalhando e estudando.
A universidade, que a todos deveria pertencer, é um importante meio de transformação e ascensão social. Além disso, pode promover um aproveitamento mais adequado do espaço urbano e do meio ambiente, desenvolvimento de vacinas e novas tecnologias. Mesmo equipamentos e medicamentos a serem usados por policiais são fruto do desenvolvimento tecnológico. Não necessariamente na universidade, é claro. Mas ela poderia trazer novas perspectivas até mesmo aos familiares desses policiais, por meio de projetos de extensão e o ensino regular,
disponível até mesmo por cotas àqueles (teoricamente) sem iguais condições de competição, pela "falta de base". A educação está diretamente relacionada à qualidade de vida de um povo. Merece atenção, nem que seja à base de intervenções, como essa na reitoria. Ao deixarmos o prédio e encontrarmos policiais do lado de fora, ouvimos lamentações (irônicas) quanto à nossa saída. Possível tentativa de "exaltar" nosso medo do contato físico com eles. Ou não, já que parte do treinamento a eles oferecido é destinado ao cumprimento de missões como essa e talvez seja lamentável perder essa oportunidade de pôr tudo em prática.

Covardes, os estudantes (desarmados) que optaram por não confrontar policiais treinados, armados e protegidos por projéteis de borracha, porretes e escudos? Em número muito maior que o de estudantes? Não. Mas possivelmente aqueles que seriam capazes de usar o arsenal contra pessoas desarmadas e sem preparo para enfrentar aquela situação, e um representante que se propõe a usufruir dos benefícios do cargo, sem ao menos demonstrar interesse em saber as reivindicações de quem representa.

O diálogo com os demais membros da universidade poderia ser fonte de soluções para os problemas apresentados (e não só de "transtorno", como pode pensar o "magnífico"). Melhorias na educação beneficiam toda a comunidade, ao menos é assim que deveria ser. "Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem, eu sei que você pode mais".



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Maurélio Machado


Parabéns pelo texto, aos tempos da truculência dos militares ditadores Tupiniquins, da revoluçõ Espnhola e ao resíduo destes crápulas que hoje exercem certos cargos como seguranças,soldados e policiais de categorias duvidosas."Não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por Ti". Do filme "Por quem os sinos dobram"(Hemingway)"Vem vamos embora que esperar não é saber"(Vandré)A educação merece melhorias e mais apoio e aportes governamentais.Abraços

Responder      31/05/2011

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