Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
Estamos o tempo todo percorrendo uma tênue linha que vai da total credibilidade que damos aos outros, passa pelos que ainda não formamos opinião, chega nos que sabemos tratarem-se de pessoas duvidosas e não dignas do compartilhar.
E quantas vezes mudamos nossa equação. Aprendemos a confiar em quem não achávamos possível e registramos imensas decepções voltadas aos que já nos foram próximos na troca de segredos e confidências.
A vida é assim. Um constante ir e vir. Um jogo em que alguns querem somente ganhar. Há os querem participar. Outros, são eternos perdedores por não se aventurarem.
Para isso é fundamental o desenvolvimento da percepção. Quanto mais aguçada, maiores as chances de acerto. Sejamos observadores obstinados. Cada detalhe faz a diferença. Um quebra-cabeças é posto à prova sempre que pessoas se inter-relacionam.
Confiar? Sim. Porém com parcimônia. O homem tende, por ser frágil e vulnerável, a violar contratos simbólicos de sigilo e cumplicidade. Para que tal não aconteça é preciso tempo de amadurecimento e confiabilidade. Mesmo assim, nunca teremos certezas ou garantias absolutas. Devemos usar de precaução e cautela, só isso nos salvaguarda de certa forma.
Somos rodeados de invejosos, fofoqueiros de plantão, arquitetos da maldade, especialistas em intrigas, construtores do conflito, semeadores da discórdia.
E todo o distraído, o desprovido de capacidades seletivas apuradas, o frívolo, o vulgar, o imprudente, o envaidecido, o egoísta, o deslumbrado, o iludido por falsos poderes temporários, cai em armadilhas, tal qual pássaros em arapucas.
Presas fáceis nas mãos de lobos disfarçados em pele de cordeiro. De forças ocultas que determinam o espetáculo com ordens nos bastidores. Essa é a dinâmica que move ações, reações e emoções.
Nos decepcionamos muito com a inversão repentina de papéis. Com o dizer contrário ao fazer. Com o discurso que muda de acordo com a plateia. Com aqueles que se incomodam vendo nosso bem estar e se empenham para mostrar pseudo capacidade, tentando intimidar ou entristecer quem está tranquilo com a vida e consigo mesmo.
Decepções fazem parte do crescer. E sabemos que o mentor intelectual do mal estar ao próximo é o primeiro a se contaminar com o efeito pernicioso de suas artimanhas.
Cai vertiginosamente no conceito de quem é mais atento e perspicaz. Cai por si só em meio às suas constantes investidas ardilosas. Simplesmente cai, porque cai todo aquele que procura reter o que não lhe pertence, destruir o que não lhe é de direito, difamar quem não merece. Tentar ser e mostrar aquilo que não é e não têm.
Sem dúvida, a lâmina que tanto afia o cortará. E lentamente o fará sangrar, até ver suas forças perdidas numa luta solitária e digna somente de pena, por tamanha pobreza interior.