Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
Clínica Rim e Vida
Uma polêmica bastante grande – e, pior do que isso, muita séria –, com consequências delicadas em se tratando de um futuro próximo, tomou conta das rodas e noticiários em nossa comunidade.
Esse é o lado bom, eu diria, de se viver em uma cidade pequena, onde acompanhamos de perto desdobramentos de interesse coletivo.
São muitos os segmentos envolvidos no emaranhado que atingiu proporções fugindo ao controle e, convenhamos, desnecessárias.
A Clínica Rim e Vida eu conheço e assino embaixo, assim como tantos profissionais e usuários com quem mantenho contato, principalmente agora frente à tão desagradável episódio.
Clínica voltada a princípios éticos e morais. Tratamento humanizado. O paciente como preocupação número um. Uma ótima equipe técnica e administrativa. Um local equipado com o que há de melhor, dentro das possibilidades, para atender a demanda. Detalhe, principalmente os tão desprezados pacientes do SUS.
Além de minha amizade com dr. Paulo e família, acompanhei por muito tempo os procedimentos em loco, quando dando assistência psicológica a pessoas tratadas por mim.
Fui testemunha ocular, não entrarei em detalhes por questões particulares, do referido médico ter salvo, num esforço conjunto de muitas pessoas, inclusive Irmãs do hospital, via telefone, bastante distante, a vida de alguém que eu acompanhava.
Nosso hospital é o único na cidade, infelizmente, e atende todo tipo de infortúnio envolvendo problemas de ordem físico-orgânica.
Possui um competente corpo clínico. Uma incontável soma de parceiros buscando alternativas e fôlego para tanta complexidade.
Empresários, conselheiros, comerciantes, voluntários, anônimos, elementos da comunidade, todos objetivando um bem maior, a vida de seres humanos.
As próprias irmãs da Divina Providência, apesar de atualmente em número reduzido no local, sempre foram empenhadas e dignas de elogios, numa longa trajetória histórica, na busca de positivas ações e muito trabalho.
Ganharam de São Bento do Sul o local como doação. Hoje possuem responsabilidade meramente administrativa, bem mais fácil do que a responsabilidade médico hospitalar. Sem dúvida, é mais cômodo contar dinheiro do que atender urgência/emergência.
A congregação está comemorando 170 anos de existência. Motivo para festa e alegria. Por acaso pretende assim marcar sua presença em nosso município? Com uma polêmica, lembrando não ser a primeira – e, creio, não será a última – constrangedora, conflituosa e, de certa forma, arrogante inclusive?
Chama a atenção de todos o fato de que até então não houve uma declaração em prol da representante do hospital. Porém, chovem matérias favoráveis à clínica. Pergunto: todos estão errados e somente uma criatura, acima do bem e do mal, está coberta de razão e direcionamentos vindos dos céus? Isso então seria motivo para iniciar seus trabalhos em Roma, como conselheira do papa.
Penso que a gestora em questão e sua assessora adjunta leiga de confiança, deveriam repensar posturas. A adjunta talvez nem tanto, porque ou obedece ou, tal qual a clínica, seus serviços podem repentinamente ser dispensados.
Mas a Irmã, mentora intelectual da indigesta questão, deveria, a exemplo de tudo e de todos, agir tal qual o Cristo com quem procura manter proximidade e comportamentos semelhantes. Simplesmente usando de humildade, perdão e semeadura da paz.
São Francisco de Assis disse: a nossa paz irradia paz por onde passamos. Santa Clara, sua seguidora, completou: não basta só orar, é preciso fazer, para que obras confirmem o valor da oração.
Sendo assim, partamos do princípio que tudo não passou de um mal entendido. Um jogo de egos e vaidades.
É preciso que um primeiro passo seja dado por alguém...
O médico já pediu perdão publicamente. A freira, acreditamos, já na contramão do tempo, haverá de relevar o ocorrido, sejam quais forem as questões envolvidas. Tudo isso em nome de um Deus de bondade, que sempre perdoa.
Não aceitar o perdão seria ousar sobrepor-se ao próprio Deus.
Do contrário só teremos a lamentar e finalizar com um conhecido trecho de uma mundialmente famosa oração: “Senhor, fazei que eu procure mais perdoar, do que ser perdoado”.
Que assim seja! E se não o for, quem viver, verá...