Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
De volta, que bom...
Nossa vida é uma correria desenfreada. Obviamente fazemos as coisas mecanicamente e não nos damos conta de que a essência do universo passa despercebida.
“Não tenho tempo” é o que mais escutamos e o que dizemos com facilidade. Analisando friamente não temos tempo para nada. Nós só nos preocupamos com o tempo para o que há de vir. Perde-se o momento, tira-se a beleza da lembrança e permanece a angústia de um futuro incerto e sempre com importância relevante.
Um ano, como todos, cheio de atribulações. Confesso que não o considero um dos melhores em certos aspectos. Porém, tem todo seu lado positivo e seus bons desdobramentos.
Na ânsia de organizar tudo e um pouco além, eis que repentinamente adoeci. Fui subitamente acometido de um mal estar. Uma semana procurando recursos que não exigissem clínica médica, tentando achar que não é nada e depois, óbvio, consultório.
Ordens médicas. Exames, medicamentos, observação, repouso. Felizmente possuímos profissionais competentes e humanos que podem nos auxiliar.
Detalhe importante e fator proponente de análise: período com muita, muita dor.
Duas semanas de afastamento completo. Dieta, cama, pijama, remédios, pensamento positivo, orações. E sempre o desejo de que se vá tanta dor.
É aí que percebemos o quanto somos imbecis na condução de nossas vidas. Afinal, se não tenho condições, forças, não posso encaminhar nada do que acho depender exclusivamente de mim, o mundo parou por isso? Foram muitos os que ficaram pensando em meu problema? Alguém deixou de caminhar por minha ausência? E se morresse, não seria a mesma coisa?
Você não trabalha, não se move, não escreve para o jornal, não aparece, não sai do quarto – e isso é um problema seu e de meia dúzia de pessoas ao seu redor.
Agora o que se faz é pensar e refletir. O que estou fazendo com minha vida? O que estou fazendo com meus dias? Será que não estou perdendo tempo com bobagens demasiadas? Para que acúmulo de bens se podemos ficar sem eles já? Para que desentendimentos se existem tantas coisas importantes para se executar e colaborar na construção de um mundo melhor?
A enfermidade nos abre janelas diferentes. Aponta-nos caminhos. Conhecemos pessoas maravilhosas. Chegamos a deduções e revisões de valores cruciais.
Durante o período iniciei a leitura de uma nova biografia de São Francisco de Assis, meu santo de devoção. Fantástica. Uma das melhores.
Curiosidade? Sofria do mesmo problema de saúde que apresentei.
Conclusão? Simples. Vamos viver, como disse o santo, em paz. Que a paz esteja entre nós. Só assim seremos pessoas dignas e unidas pelo indispensável amor fraternal.