Vinícius Fendrich
Psicólogo
Educador
A princípio, a maré parece mansa. Sol. Pouco vento. Pessoas tranquilas. Sem ondas maiores. Bandeira verde. Positiva balneabilidade. Ausência de tubarões.
Será? Algo está errado. Alguma coisa, como de costume, não há dúvidas, deve vir sendo arquitetada nos bastidores.
Refiro-me a um ano chamado, para arrepio geral, político.
O Brasil se articula frente ao mapeamento de prefeitos e vereadores. Todas as atenções, focos, interesses, apoios, coligações, conchavos, uniões, casamentos, separações, aberrações e principalmente verbas aos milhões, objetivam agora o vencer a qualquer custo e de qualquer forma.
Danem-se as máscaras da educação, cultura, saúde, saneamento, infraestrutura, habitação, bem estar social e toda uma importante rede de atenções mantenedoras do equilíbrio necessário e justo para uma nação. É hora de fazer valer a verdade maior, a saber, os interesses sórdidos e inescrupulosos dos que almejam o poder e com ele o domínio sobre riquezas inafiançáveis. Tudo nas mãos de muitas criaturas que não morrem, porque o diabo tem receio de que corrompam o bom funcionamento do inferno.
Prezado eleitor. Fique atento e esperto. Como assistimos a cada quatro anos, lá vem o golpe. Os mesmos artistas de quinta categoria, sem um pingo de vergonha na cara, prometendo até a mãe em troca de votos.
Infelizmente é preciso aturar mais uma sessão pastelão. Dessa vez autoridades municipais. Do Iapoque ao Chuí, um rosário de milagres a serem realizados após a garantia da escolha induzida.
Dentre rotos e amassados. Bons e ruins. Honestos e ladrões. Engraçados e ridículos. Sinceros e mentirosos. E assim vai... Teremos que escolher.
Quanto mais aumentam os disparates públicos, mais criam-se municípios, para mais prefeitos usufruírem do farto banquete. Mais cadeiras nas câmaras de vereadores, para mais elementos ganharem mais e fazer cada vez menos, ou nada. E nunca se compararem aos trabalhadores comuns.
Entre mortos e feridos, estamos nós. Vítimas de uma pseudodemocracia em que somos obrigados a votar.
Pensemos bem, temos tempo para reflexão e uma última opção no final do túnel, o voto nulo. Pelo menos revela indignação, protesto e nojo para com essa, na maioria, cambada de atoas, assessorada por penduricalhos oportunistas e pior, indicadores de ocupantes de cargos em confiança e comissão, tantos deles vulgares e de uma estirpe a se descobrir ainda a primitiva origem.
Como diriam os ingleses: “Deus salve a Rainha”.