Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Um jardim
Parafraseando o grande Casimiro de Abreu, Valério poderia declamar:
Todos cantam a sua terra,
Também vou cantar a minha,
Nas débeis cordas da lira,
Hei de fazê-la rainha.
É que seu lote, não grande, tem uma casa bem cuidada e só por ele construída, um jardim de flores multicores e de arvoredos bem diversos. Uma gruta de Nossa Senhora Aparecida e alimento para os passarinhos e animais domésticos. Neste espaço plantou verduras, cereja, uvaia, pitanga, erva mate, caroba ou ipê roxo, ameixa preta, pokan, laranja, butiá, além de gramado e outras plantas. Ele mora em Rio Vermelho Estação, saída para Rio Natal. Ama seu lugar. Aliás, amar é um dos grandes segredos para ser feliz.
Um pouco de sua história
Valério nasceu entre Rio Natal e Rio Vermelho, no Km 26. De lá veio com seus pais, em tenra idade, “para a cidade de São Bento do Sul”, onde frequentou a Escola Municipal de Banhados II até a quarta série e depois estudou no Colégio São Bento até a 7ª série. Aos 13 anos pegou emprego na Artefama. Vitor Keihl foi seu patrão. Diz ele que assim ganhou seu dinheiro, aprendeu muito e não ficou jogado e abandonado pelas ruas e pegando vícios. É como diz o ditado: “Cabeça vazia, oficina do diabo” ou “Quem está desocupado, o diabo ocupa”. Hoje trabalha em Rio Vermelho Estação com emprego fixo e nas horas vagas trabalha para seus vizinhos e na sua linda propriedade. O trabalho consciente, sempre alegre, com o senso de estar fazendo o bem a si mesmo e aos outros causa, prazer e saúde.
Reconhecimento
Diz ele que, graças a seu pai e sua segunda esposa, ele é o que hoje é, e tem o que hoje tem; pois tudo na sua vida ia muito bem até que um forte contratempo o atingiu, com perigo de tudo perder e cair no vício da bebedeira. Mas conselhos de seu pai e o apoio da Ivonete, fizeram com que de novo encontrasse o bom caminho e assim tudo superou com alegria e muito prazer. Luta é a lei da vida. Viver é lutar. É saber enfrentar as borrascas e feliz de quem, nesta hora de pesado turbilhão, encontra um ombro amigo, um coração compassivo e um afeto racional. Mas é preciso saber corresponder e reconhecer e isso Valério soube fazer e o fez com coragem. Por um tempo chegaram a morar na Estação Ferroviária de Rio Vermelho, bem junto dos trilhos da ferrovia. Mas tudo foi superado. Diz Valério: “Se a pessoa não se ajudar a si mesma, não vai”, mas sempre existem os bons meios dos quais se pode usufruir.
Vida social
Valério é sócio da Rádio Liberdade. Sempre fica atento a seus bons programas e gosta de participar das programações por telefonemas. Tem muitos e bons amigos. “Quem achou um amigo, achou um tesouro”. Visita seus parentes e com eles gosta de manter relações de afetuosa fraternidade. Estriba seu equilíbrio vital com participação nas manifestações religiosas. É devoto de Nossa Senhora Aparecida. Seu bom espírito aparece na organização de seu lar, nas flores que crescem viçosas em seu jardim e no respeito que tem por sua esposa. Erros superados são louros conquistados e méritos em crédito.
Do poeta Gonçalves Dias:
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar.