Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Casamento
Dia 23/10/2011 completam 57 anos de casados, visto que casaram no mesmo dia e mês do ano de 1954. Nesse dia do casório, 23/10/1954, deu-se a maior geada do ano. Tudo estava branco de gelo. Se fosse hoje, falariam em fim de mundo, que o clima não é mais o mesmo – e olha que em 1917 nevou em dezembro em São Bento do Sul, poucos dias antes do Natal. E vejam que a natureza é repetitiva. Pode acontecer de novo. Preparem os falatórios
Bom costume
Um fato bonito e que lembram com saudades é o costume antigo, totalmente já desaparecido, infelizmente, e que consistia no seguinte: no dia do casamento, noivo e noiva saíam juntos da casa da noiva para a igreja, mas antes, na casa da noiva, havia a bênção dos noivos, por parte dos pais de ambos. Era armada, no centro da sala, uma espécie de altar: uma mesa com toalha branca, um crucifixo, velas acesas e água benta. Os pais benziam seus filhos, rezando e aspergindo-os com água benta. Todos os convidados, ao chegarem à festa, recebiam na lapela um raminho enfeitado, geralmente de rosmarinho ou de cipreste. Era o símbolo do convite e a esperança dos noivos de terem muito sucesso na vida.
Bênção pai, bênção mãe
Ao sairmos da casa, vi a filha Sissi pedir a bênção a seus pais. Lembrei-me do que um doutor da Universidade de Petrópolis disse: “Este é um costume caboclo que jamais as famílias brasileiras deveriam esquecer; pois é através da bênção dos pais que Deus abençoa os filhos”. Quanta coisa linda e boa morre a título de se modernizar o mundo. Depois se queixam da falta de educação que impera nos dias de hoje, dos vícios que campeiam soltos por aí e da criminalidade que anda solta e crescente. É necessário que se volte ao estamento dos bons costumes, das tradições sadias e do respeito humano em nome de Deus.
A família
Otto Liebl nasceu e sempre viveu nesta linda localidade de Banhados II, onde fazem fronteira três bairros de São Bento do Sul: Schramm, Serra Alta e Rio Vermelho Estação. Sua esposa Lídia, de família Batista, lá de Bateias de Baixo, veio com a família morar em São Bento do Sul, onde ela se encontrou com Otto e começaram a encetar relações que levaram ao casamento. Mas isso só depois que Otto cortou a barba, conforme exigência dela. Ele trabalhou por 17 anos na empresa Irmãos Engel, de Rio Vermelho Estação, no serviço de arrumar toras para a serraria que produzia madeira para a fábrica de móveis dessa empresa. Só uma das imbuias que cortou rendeu 12 cúbicos de madeira. Depois ele trabalhou 14 anos na empresa Móveis James, mas também sempre trabalhou na lavoura. Ela com três de suas filhas trabalharam, por alguns anos, na empresa Buschle. Hoje ela é excelente e afamada tricoteira. Tiveram nove filhos e mais um adotivo. São eles com seus apelidos: Pedro, o Pedi; Regina, a Nési; Araci, a Síssi; Lúcia, a Inha; Amélia, a Neca; Nivaldo, o Ico; Ângela, a Chica; Adelson, o Dilsinho; Antônio, o Toni; e o adotivo Egídio, sem apelido. Hoje o casal Otto e Lídia já tem 19 netos e 17 bisnetos.
Fluminense x Corinthians
A única guerra (muito pacífica) que há entre o casal é que ele torce pelo Fluminense e ostenta na residência, com destaque, a bandeira de seu time; mas ela faz o mesmo com o seu favoritismo corintiano: ostentando a bandeira e fazendo parte “da Fiel”. O pior é quando jogam os dois times se enfrentando ou em canais de televisão diferentes jogando cada um dos times. É aí que tudo vira fumaça, mas sempre acabam por entender-se bem. É que quando o amor verdadeiro está acima de tudo, todos os obstáculos são facilmente transpostos, mesmo os do fanatismo futebolístico. Que seja isso um exemplo para todas as famílias.