Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Uma linda história da amor
Deles o poeta Fernando Pessoa diria: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena". Essa história começa mesmo antes de frequentarem a escola, quando Regina Maria viu, pela primeira vez, o então ainda bem pequeno menino Reinaldo na mercearia de seu pai, Carlos Pscheidt. Ao entrarem no primeiro ano da atual escola Alfredo Diener, em Banhados, o amor começou, cresceu e se solidificou. Houve até uma concorrência de uma menina bem mais forte que Regina não teve a coragem de enfrentar fisicamente, mas a derrotou na conquista de seu amor, o Reinaldo que então era muito tímido.
Na Escola
A professora era dona Araci dos Santos Langer. Durante muitos anos ela, ali, foi professora naquilo que era uma escola multisseriada, ou seja, frequentavam a mesma sala alunos da primeira à quarta série. Todo dia a professora vinha de bicicleta de Rio Vermelho Estação. No segundo ano as crianças começavam a usar caneta. No primeiro ano só usavam lápis. Quando Regina Maria chegou ao segundo ano, ela não tinha caneta, mas o Reinaldo emprestava a sua para ela. Isso a deixou muito feliz. Foi a primeira manifestação clara de que ele também gostava dela. A idade dos dois era de pouca diferença: ele nasceu a 27 de dezembro de 1953 e ela a 12 de setembro 1956.
Novas felicidades de estarem juntos
Quando veio o tempo da doutrina que preparava para a primeira comunhão, veio nova felicidade: os dois, todas as quintas feiras, iam de Banhados II até o Centro, no então Colégio São José, para se prepararem para o grande dia em que, pela primeira vez, receberiam Cristo fisicamente. Na doutrina ficaram em salas separadas. Geralmente eram meninos com meninos e meninas com meninas, mas isso só serviu para aumentar a ânsia de tanto mais querer estar juntos. A Irmã Leonida era a orientadora de Regina Maria e a Irmã Leonira de Reinaldo. Quando veio o grande dia, entraram na igreja a fila dos rapazes ao lado da fila das meninas e, por uma sorte do destino, Reinaldo e Regina Maria ficaram juntos caminhando para a mesa eucarística. O que repetiram, anos depois, no dia de seu casamento.
Aos 14 anos trocaram fotos e hoje ainda as têm juntas. Olhando essas fotos dos dois aos catorze anos de idade, tem-se a impressão de que estamos vendo fotos de dois irmãos e não de dois futuros namorados de fato, noivos, casados e avós. É que o verdadeiro amor torna as pessoas semelhantes.
Ela disse que pôs a foto do Reinaldo no vidro do armário para que sempre a visse e quando seu serviço era lavar louça, lavava um pouco e beijava a foto, lavava um pouco e beijava a foto e assim sucessivamente.
Trabalho
Trabalhar nunca fez mal a ninguém. O ficar a toa é que prejudica, e muito. Os dois, Reinaldo e Regina Maria, começaram muito cedo no trabalho. Ela trabalhava na lavoura com os pais. Ele ia de bicicleta para o seu trabalho. Ela, do alto do morro onde trabalhava, ficava atenta para, lá em baixo, vê-lo passar na estrada com sua bicicleta. Se o via, ficava feliz o dia todo, se perdia de vê-lo passar, o dia não lhe prestava mais.
Depois pegaram trabalho no Centro da cidade. Ela no Buschle e ele na oficina mecânica que ficava já no outro lado da rua. Estavam juntos de novo. Iam e voltam juntos de bicicleta. Isso sempre com sol, chuva, escuridão, verão, inverno. Às vezes o barro entupia a bicicleta, mas a limpavam e continuavam. Trabalharam muito. Em outros lugares também.
Hoje cheios de prazer, vão juntos à igreja, são aposentados, trabalham e passeiam muito. Tem dois filhos, Vera Lúcia e Roberto Luiz, 5 netos. São 37 anos casados.