Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
- Capital de Santa Catarina no Interior -
A 22 de maio de 1987 a Câmara de Vereadores de Rio Negrinho enviou correspondência ao governador do Estado Barriga Verde, Sr. Pedro Ivo Figueiredo de Campos, e a todas às Câmaras de Vereadores do mesmo Estado, pedindo que a Capital saísse de Florianópolis e fosse transferida ao Centro Geográfico de Santa Catarina.
Nenhum dos destinatários respondeu.
Os edis de Rio Negrinho justificaram, na época, seu pedido, argumentando que:
1. A atual Capital, Florianópolis, está no local mais descentralizado do Estado Catarinense, numa ilha oceânica.
2. Esta localização errada da Capital prejudica todo o Estado, inclusive a própria Capital e sua cidade com vocação preponderantemente turística, tal qual a Capital Federal no Rio de Janeiro prejudicava esta cidade; basta ver seu crescimento após se tirar a capital de lá.
3. Para os Estados brasileiros que transferiram sua capital para lugares mais centrais, o resultado se mostrou altamente benéfico, inclusive para o Brasil que o fez em 1960 e o antes e depois desta data é público e notório em todo o Território Nacional.
4. A maioria das cidades catarinenses está ligada à sua Capital muito mais por questões de jure do que por realidades de fato, visto que há cidades a quase novecentos quilômetros de sua capital e 42,75% delas estão na faixa de mais de trezentos quilômetros de distância de sua Capital.
5. A Justiça Distributiva fica, nessa relação de Capital Estadual, numa situação de príncipe e mendigo. Um professor chegou a dizer a seus alunos que os Estados da Região Sul são três: Paraná, Florianópolis e Rio Grande do Sul.
6. É assim que uma maioria trabalha para uma minoria. É o caso de tantos estudantes do interior que estudam nas universidades gratuitas de Estados vizinhos, entre outros tantos casos.
7. O progresso sempre foi fruto de atitudes arrojadas, revolucionárias, e nunca de estagnação.
8. Querem, por vezes, tirar a Capital da Ilha e levá-la para o continente, mas lá mesmo. Trazê-la para o centro do Estado sairia muito mais barato, traria um progresso bem maior, além de se poder ter um planejamento muito mais eficaz.
Se transferir a capital sairia muito mais barato do que mantê-la onde ela está, isso - além de tudo - imortalizaria seu fautor igual a outro Juscelino Kubitschek, criando enorme progresso, especialmente humano, para Santa Catarina.
Como já dissemos a atitude da Câmara de Rio Negrinho virou a voz que clama no deserto. Nenhuma resposta. Nem mesmo de oposição. Silêncio total e completo.
O silêncio é a resposta dos que não têm o que responder.