Prata da Casa - Gerson Schneider

Quem passar pela Estrada Rio Negro, vindo da cidade de São Bento do Sul, já próximo da Arsiper, numa curva com mais de noventa graus, encontrará do lado esquerdo da via uma grande cruz, que em seu centro contém um crucifixo menor e artisticamente elaborado. Quase ao sopé da cruz brota uma fonte de água pura. Essa cruz faz lembrar os lindos versos do grande poeta brasileiro Castro Alves:

Caminheiro que passas pela estrada,

Seguindo pelo rumo do sertão,

Quando vires a cruz abandonada,

Deixa-a, em paz, dormir na solidão.

Quem erigiu essa cruz foi o antigo dono da propriedade onde ela está, Fabiano Sebastião Sadowski, mas quem hoje a mantém é o atual proprietário, Gerson Schneider - e sua esposa Marciliana Wantoski. Ele trabalha na empresa Cimentec e ela na cozinha do Sesi - na empresa Buddemeyer. Ele, o Gerson, é natural de Guarapuava, Estado do Paraná. Veio a São Bento do Sul com a empresa construtora do Germânia Super Center, depois foi construir na Marisol em Jaraguá do Sul e finalmente achou seu amor e casou com a Marciliana Wantoski, fixando-se em São Bento do Sul, comprando a atual propriedade e cuidando, com sua esposa, desse belo símbolo que atrai muita gente devota ou simplesmente curiosos.

 Ali é um lugar de acender velas, fazer orações, beber água pura da natureza. Muitos até pegam dessa água e a levam consigo. Muitos ciclistas que passam pela Estrada Rio Negro ali param, grupos de motociclistas fazem o mesmo, caminheiros que por ali passam encontram um lugar para um leve descanso e matar a sede com água fresca e saudável. Na Sexta-feira Santa vêm muitos. Já houve ali até o caso de batismo de crianças, o chamado batismo em casa, que é só com a presença dos pais e dos padrinhos e mais algumas pessoas. Há até casos de pessoas que buscam água dali para bebê-la no escritório.

Gerson e sua esposa Marciliana estão tristes porque há tempos a patrola da prefeitura entupiu os bueiros. Prometeram arrumar tudo e nunca mais arrumaram - e o local virou um pântano. Há ali também malandros, verdadeiros vândalos, que gostam de destruir o que de belo ali existe, como flores e objetos devocionais. Os tais desrespeitam o local jogando lixo por lá. Até a cruz chegaram a pichar. Infelizmente o diabo também tem seus devotos.

A propriedade de Gerson e Marciliana, construída por Fabiano Sebastião Sadowski e mantida, atualmente, pelo casal proprietário, é muito linda. Essa beleza se mostra desde a construção que tem aspectos peculiares e capacidade criativa única e que deve ser admirada de perto. Parte do terreno, especialmente toda a encosta, é coberta de mata nativa onde brota a fonte límpida que emana da pedra de concreto junto à cruz. A erva mate nativa ali ainda pode ser vista. Ela foi a primeira moeda circulante em toda a região.

Há casos de moleques de escola que passam por lá, e outros também, com cetras (estilingues) matando os passarinhos. Ainda não aprenderam nada sobre preservar a natureza. É uma pena que o progresso mental ser tão lento para ser assimilado e com isso as atitudes para melhorar o mundo, que começam pelo local em que se mora, demorem tanto a chegar. O progresso exige que sempre mais um quebre o tabu da inércia e faça algo de bom para todos.

Toda histórica Estrada Rio Negro, a segunda de São Bento do Sul, porque a primeira foi a Carl August Wunderwald, é de uma beleza singular. Vale que se a conheça dando por ela um passeio até o Bairro Lençol. Nela as antigas propriedades rurais de São Bento ainda transparecem. Ela abria o primeiro caminho para a verdadeira hinterlândia de São Bento do Sul. Em a passando encontraremos a Cruz, o Castelinho da Porteira, as lindas paisagens naturais lembrando a Suíça e a bela propriedade de Gerson Schneider e Marciliana Wantoski.