Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Se muitos, ou quase todos, já o conhecem, nem todos sabem de alguns detalhes curiosos de sua vida. É o que vamos tentar desvendar aqui.
Quem é este professor das aulas sempre alegres - quem não estava em sala, às vezes, as achavam barulhentas demais. Houve até o caso de algum diretor que interveio pensando tratar-se de pura bagunça, mas - na verdade - era aula, aula apenas. Uma aula da qual todos participavam diretamente. Muitos teatros, muitos cantos, poesias, mas tudo isso sem realmente fugir do assunto.
Na vida cultural de Rodeio, lá no Alto Benedito, em terras banhadas pelo Rio Lima, Município de Rodeio, ele já foi um esteio da cultura. Foi de lá que os irmãos maristas o descobriram e trouxeram para São Bento do Sul. Se lá, em poucos anos de atividades culturais, ele já se destacou a tal ponto de ser convidado para trabalhar com os maristas, era porque realmente algo de extraordinário nele se via e de fato o comprovou em ação.
Em São Bento do Sul sua atividade foi simplesmente abrangente. Nada lhe escapou: aulas, teatros, corais, indústria, preocupações com biblioteca, trabalhos culturais na prefeitura, profundas amizades, política, paróquia católica, etc. Sua verve ocupacional jamais teve fim, nem mesmo após sua aposentadoria e nem no avançar pelas faixas etárias o fizeram parar.
Estudou no Seminário Seráfico de Rio Negro com os padres franciscanos. Mas para iniciar suas atividades de professor, teve de andar a cavalo pelas tifas e ruelas interioranas de Rio Lima para conseguir a matrícula dos alunos. Seu segundo serviço ali foi roçar o capoeiral que havia crescido ao redor da escola abandonada há anos. E como o curso ginasial feito em educandário religioso, preconceituosamente, não era reconhecido pelo governo, teve a legalizar isto também. Foi o que lhe custou um curso para o qual chegou a fazer 50 quilômetros de bicicleta.
Veio a São Bento do Sul em 1959 para lecionar no Colégio dos Maristas, atual EEB São Bento, no Curso de Admissão ao Ginásio. Em São Bento do Sul, alguns anos após ter chegado, conseguiu fazer o Curso Normal, atual Magistério do Ensino Médio, e de 1972 a 1976 num curso de férias em Lages.
Representa tudo ser tão fácil e tão simples. Quem do alto da vitória de outra pessoa contempla o passado desse mesmo ser, parece que sempre a vida dele foi um só sorriso e um único estrondoso sucesso. Dizem que "pimenta nos olhos dos outros é refresco", mas viver o que esse alguém viveu, sentir o que ele sentiu, passar o que ele passou, não foi nada fácil e talvez bem poucos o gostariam de passar. Fazer cinquenta quilômetros de bicicleta só para fazer um curso - nem sempre esses dias foram somente lindos dias de sol; perder a primeira esposa já nos anos iniciais de casamento e tantas outras coisas mais, como dificuldades econômicas, doenças na família, são obstáculos nem sempre fáceis de vencer. É verdade que o escritor Pecotche diz: "A luta é a lei da vida". Realmente o viver é lutar, mas quão poucos lutam realmente. Mas quem luta sabe que o verdadeiro prazer está no descansar à sombra da vitória.
Recentemente o Dr. Valberto Dirksen, da Universidade Federal de Santa Catarina, procurou o professor Mário Cristofolini para levantar dados sobre uma colônia alemã que antes da Segunda Guerra Mundial ali foi fundada. O professor Mário tem muitos fatos curiosíssimos a relatar sobre a história desta região. São fatos que, como tantas outras pessoas tem, não devem morrer com elas. Pois história é o estudo do passado, para entender o presente e preparar o futuro. Só assim o mundo pode progredir com bases sólidas, o que infelizmente ele não faz e os resultados estão aí. É só julgar.
Se todos cumprissem sua missão como o professor Mário Cristofolini a cumpriu e sempre ainda faz mais, sem dúvida, o mundo seria melhor