Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Guardando todas as moedas que recebeu e mais todo o dinheiro que não gastou com o vício de fumar, e isso relativamente em pouco tempo, rendeu um montante para viajar por quase todos os países da América do Sul. E não foi uma viagem qualquer. Foi uma viagem de abraçar pinguins na Patagônia, de ser nomeado rei pelos índios de uma das ilhas flutuantes no Lago Titica, de admirar os fantásticos desenhos dos incas nas rochas da Cordilheira dos Andes - que só de avião se pode ver -, de conseguir hospedar-se em casas de famílias, de ter como batedor um carro oficial, pelo simples fato de ter feito mágicas num quartel de Bogotá. Visitou desertos, nevascas, altitudes e depressões. Deu conselhos psicológicos e com isso economizou um bom dinheiro.
Isso tudo, e muito mais, foi feito de automóvel próprio ao lado de sua incomparável esposa e amiga de todas as aventuras, mesmo as mais arriscadas. Deus os fez um para a outro e vice-versa. Os dois se ajustam tão perfeitamente que mais até parece impossível. Ele é Professor (com P maiúsculo) e ela, a Professora Mariana, por igual. Eles têm casa extraordinária na cidade, mas geralmente preferem a casinha da escola do interior em que dormem ao som da cascata e acordam com o cantar da passarada, sentindo o verde perfume da mata e o cheiro gostoso da terra.
Se a Rede Globo, no "Fantástico", mostrou um gaúcho que reunia búfalos tocando violino, o Professor Celso, antes disso, já reuniu gado bovino tocando bandolim. Seu trabalho com cobras o levou ao Instituto Butantan. Não há coisa que dele escape: pintura, desenho, entalhe, escultura, música, mágica, teatro, filmagem, futebol, abridor de fechaduras complicadas, etc, etc. Nem a Mariana dele escapou. Só não sei como ela conseguiu segurá-lo. A Bíblia diz que o semelhante atrai o semelhante.
Veja o que diz um livro a ser publicado em breve e que trata da Pedagogia da Beleza: "Em nossos dias o Professor Celso Crispim Carvalho, Professor do Ensino Fundamental, é um exemplo do que se pode conseguir com a Pedagogia da Beleza. É costume dele dizer à direção da escola: 'Mande os piores alunos para mim, que eu dou um jeito neles'.". Ele usa a música, o teatro, os passeios, as filmagens, etc. É assim que ele consegue levar os alunos a desenvolverem seus bons pendores naturais, que todos têm. Até com a síndrome de Down ele faz maravilhas. Ele consegue tempo para tudo. Ensina tudo aquilo que tem a ensinar, mas às vezes tem necessidade de quebrar tabus e todos estes ele consegue quebrar, sem briga. Até contra tudo e contra todos conseguiu levar seus alunos num passeio de avião. E isso tudo é transformado, antes e depois, em aula de todas as disciplinas curriculares que ele tem a lecionar.
Ao término de uma de suas longas viagens, esta pelo polo sul, alguém lhe perguntou se valeu a pena e ele concluiu sua resposta dizendo que colheu muitas fotos para seus alunos. Sempre seus alunos, sua missão, seu ideal.