Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Causas da Revolução de 1930
De 1894 até 1930 governava o Brasil a dita “Política do Café com Leite”. Eram os fazendeiros de gado de Mina Gerais e os fazendeiros de Café de São Paulo que se alternavam na Presidência da República. Contra isso surgiu o Tenentismo com sua Aliança Liberal que queria o voto secreto, o fim dos regionalismos e acabar com o coronelismo. Estava tudo pronto para a eclosão da Revolução. Em Santa Catarina dominava o coronelismo urbano que se enfraqueceu com a morte de Hercílio Luz e com a ascensão da família Ramos que politicamente ficou muito forte. No Estado, a Aliança Liberal queria: educação pública extensa e intensa, publicação dos gastos oficiais e o fim das oligarquias no poder.
A Revolução de 1930 em Santa Catarina
Dia 03/10/1930 eclodiu a Revolução no Rio Grande do Sul. O governo catarinense permaneceu na legalidade e por isso foi invadido pelo sul, pelo norte e pelo mar. As pressas organizaram a defesa do estado todo, já que a Capital estava bem provida por forças oficiais de terra e mar. Foram organizados os Batalhões Patrióticos que receberam, popularmente, várias denominações locais, como: Pente Fino, em Porto União, por pesquisarem tudo;Cascudos, em Mafra, por serem rudes e grosseiros; Pés-de-Chinelo, no litoral, por não possuírem calçados militar e alguns estarem descalços. Em Florianópolis a população fugiu para o interior da ilha, mas com a renúncia do Presidente Washington Luís, o Governador Fúlvio Aducci rendeu-se.
O Governo Revolucionário em Santa Catarina
Logo que Santa Catarina se entregou, aliás estava entre dois vizinhos revolucionários, o general gaúcho Assis Brasil instalou em Florianópolis o Governo Provisório tendo como auxiliar o professor catarinense Barreiros Filho. A campanha publicitária da Revolução ficou a cargo de Osvaldo Mello e Haroldo Callado que não ficaram calados, usando amplamente os meios de comunicação a seu alcance, fizeram grande propaganda da Revolução vitoriosa. A nova ordem revolucionária determinou a substituição de todos os cargos políticos visto que a Revolução não reconhecia direitos adquiridos. Começou também a formação de sindicâncias para julgar e castigar os contrarrevolucionários, mas uma ampla anistia a todos perdoou e a paz voltou.
Interventores em Santa Catarina
Interventor é o título do governador nomeado, não eleito pelo povo. O primeiro foi Assis Brasil de 1930 a 1932. Ele adotou uma política de conciliação; visitou vários municípios para pacifica-los; trocou o nome do Município de Ouro Verde para Município de Canoinhas; renunciou em 1932. O gaúcho rio-grandense Major Rui Zobaram em 1932. Aristiliano Ramos de 1932 a 1935. Em seu governo foram eleitos os constituintes catarinenses: Nereu Ramos, Carlos Gomes de Oliveira, Arão Rebelo e Adolfo Konder. Em 1935 houve eleições para governadores dos estados. Em Santa Catarina venceu as eleições Nereu Ramos que governou como governador e já depois foi nomeado interventor e assim governou de 1935 até 1945.
Governo e Interventoria de Nereu Ramos (1935 – 1945)
Ampliou e melhorou consideravelmente a educação estadual, mas cometeu um grave erro: com a nacionalização do ensino ao simplesmente fechar todas as escolas criadas pelos imigrantes, e eram muitas, sem lhes dar a devida substituição; com isso muitas escolas foram simplesmente fechadas sem que tivessem sua sucedânea e muitas pessoas foram condenadas a refazer todo curso mais um vez em idioma nacional. No setor de saúde pública atuou beneficamente em todos os municípios. Criou a Colônia Santa Tereza para os hansenianos, ou seja, os leprosos. Igualmente fundou a Colônia Sant’Ana para os doentes mentais. Até a presente data, Nereu Ramos, foi o único catarinense que chegou à Presidência da República.
Santa Catarina
São 6.727.000 de habitantes. A extensão é de 95.346 Km2. Contém 295 municípios. É o menor estado da região sul, mas muito profícuo. Da área de todo Brasil representa apenas 1%.