Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Urbanismo
Em 1873 a Província de Santa Catarina apresentava 1858.531 habitantes, dos quais 142.166 eram livres e 16.347 eram escravos. O número de escravos, comparado com outras regiões, era pequeno e ia a decréscimo, pois havia a proibição da escravidão em lugares de imigração. Quanto à urbanização há as seguintes considerações: 1. Havia o plano português que seguia um regimental de Portugal observando locais estratégicos predeterminados, seguido até 1850. 2. Após isso vieram os europeus, não portugueses, onde o vale dos rios caracterizou a paisagem, a cultura e a geografia que comandaram a construção das cidades. 3. O elemento germânico, geralmente, fixava-se no centro e os italianos e poloneses ocupavam a periferia.
Industrialização
A grande maioria dos imigrantes veio de países onde a Revolução Industrial já desempenhava relevante papel. A partir da atividade artesanal, que a situação de isolamento exigia, brotou o embrião da indústria. Muito capital necessário originou-se do comércio exportador de produtos coloniais. Uma das primeiras indústrias a despontar foi a têxtil que surgiu vigorosa em Blumenau a partir de 1880. A Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) trouxe vantagens pela interrupção das importações. Com a instalação de hidrelétricas surgiu um novo impulso. A industrialização em Joinville firmou-se com a comercialização da erva-mate a partir de 1877.
Transportes e Comunicações
Os portugueses ficaram no litoral, mas os imigrantes localizaram-se no interior e isso começou a exigir transportes e comunicações. Em 1874, a partir da Capital, começou-se a navegar o Rio Itajaí. Em 1877 foi inaugurada a Estrada Dona Francisca do planalto a Joinville. Em 1909 foi inaugurada a Estrada de Ferro Santa Catarina S/A, com sede em Berlim, e que seguia o Vale do Rio Itajaí. Ainda no mesmo ano de 1909 foi inaugurada a Ferrovia São Paulo – Rio Grande de Porto União a Marcelino Ramos no Rio Grande do Sul. Em 1913 estava pronto o ramal ferroviário Mafra – São Francisco do Sul. Também no sul de Santa Catarina o território foi cortado por estradas, pela ferrovia Dona Tereza Cristina e muitas picadas abertas na mata.
A Escravidão em Santa Catarina
A escravidão era especialmente das regiões de monoculturas o que não foi o caso de Santa Catarina. Neste Estado houve sempre poucos escravos apena 8,9% da população. Contudo, houve dois quilombos em Florianópolis: um na Lagoa da Conceição e outro na Enseada do Brito. No Segundo Reinado (1840 a 1889) optou-se pela extinção gradual do cativeiro: proibição do tráfico, 1850; Lei do Ventre Livre, 1872; Lei do Sexagenário, 1885; libertações em ocasiões especiais como da visita do Imperador ou de participações como no caso da Guerra do Paraguai (1864 a 1870); e a Lei Áurea que libertou todos os escravos em 1888. Quando esta lei veio, Santa Catarina já não tinha mais escravos e algumas outras províncias também.
A campanha abolicionista em Santa Catarina
Embora Santa Catarina sempre tivesse poucos escravos, não deixou de se engajar na campanha abolicionista. Lançaram jornais e fundaram clubes. Na capital apareceram quatro jornais: O Argos, Despertados, A Regeneração e O Abolicionista. Em Laguna fundaram A Verdade. Em Joinville editou-se A União. Em São Francisco do Sul criou-se o jornal O Democrata. Em Lages foi a vez do Lageano. Na Capital foi fundada a Sociedade Abolicionista de Desterro. No sul do Estado foi fundado o Clube Abolicionista de Tubarão. Um dos grandes líderes abolicionistas catarinenses foi Manoel Joaquim da Silveira Bittencourt, artista e sapateiro de profissão, que sacrificou o melhor de seus dias à causa da Abolição.
Santa Catarina
São 6.727.000 habitantes. Sua extensão é de 95.346 km2. Contém 295 municípi