Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Sociedade Belgo-Brasileira
De 1840 a 1850 a Bélgica viveu vários conflitos sociais e econômicos: em 1830 ela se tornou independente, industrializou-se rapidamente, houve considerável aumento populacional e, pela exclusão que sempre um grande crescimento econômico inicialmente causa, surgiu a premente necessidade de emigração. O Brasil, visando buscar imigrantes, era um dos alvos desejáveis. Assim em 1841 foi constituída a Sociedade Belgo-Brasileira de colonização e já em 1844 chegava a Santa Catarina a primeira leva de belgas para trabalharem na agricultura, indústria e mineração. Fixaram-se à margem direita do Rio Itajaí no local denominado Ilhota onde, após vários contratempos, a empresa frutificou e até serviu de base para outras.
Outras colônias sem grande desenvolvimento
Em 1843, próximo a Tijucas, foi fundada a Colônia Flor da Silva que permaneceu estacionada por muito tempo. Surgiu também uma colônia de alemães na atual Grande Florianópolis no local chamado Armação da Piedade que durou apenas até 1847. Também foi fundada a Colônia Santa Isabel junto ao Rio Cubatão que depois se expandiu para outras localidades. À semelhança desta e de outras mais surgiu ainda, em 1847, a Colônia Leopoldina que se localizava entre Biguaçu e Tijucas Grande, composta por alemães e belgas. Estas e várias outras se abandonadas à própria sorte, serviram de ajuda a outras iniciativas. É o caso da palavra indígena tapera que significa algo que era, mas que desse algo, algo sobrou e ajudou.
Imigração germânica
Pela denominação de germânico(a), popularmente, se entende alemão(ã), mas isso não é correto. Aquilo que era a Germânia com suas variações culturais e até mesmo distinções raciais deu, modernamente, origem à várias nacionalidades diferentes e das quais vieram imigrantes ao Brasil, geralmente embarcados no porto de Hamburgo, Alemanha, com os documentos desse embarque e foi o que ajudou a caracterizá-los todos como simplesmente alemães. Dois fatores contribuíram para avinda desses, todos ditos, alemães: a lei brasileira conhecida como Lei das Terras de 1850 que permitia documentar todas as terras devolutas; e a criação, na Alemanha, da Sociedade de Proteção aos Emigrantes Alemães.
Colônia Blumenau
Hermann Blumenau e Fernando Hackradt fundaram a firma Blumenau & Hackradt que, às margens do Rio Itajaí, fundou a Colônia Blumenau no dia 02 de setembro de 1850. Os imigrantes blumenauenses foram rigorosamente selecionados quanto a suas qualidades profissionais e morais, tornando-se assim realmente um exemplo de colônia e, na época, a cidade modelo de Santa Catarina. Inclusive muita imprensa blumenauense circulou por vários anos na grande região de imigrantes de língua alemã e tantas localidades dos primeiros tempos receberam eficientes professores formados em Blumenau. Em 1875 Blumenau também recebeu imigrantes italianos do Império Austro-Húngaro. O Rio Itajaí era sua via.
A Colônia Dona Francisca – Joinville
A terra dessa Colônia provinha do dote da Princesa Dona Francisca, filha de D. Pedro I, que a recebeu de seu irmão D. Pedro II ao casar-se com o Príncipe de Joinville, filho de Luiz Felipe, Rei da França, 1843. Por isso Joinville ficou conhecido como A Terra dos Príncipes. No dia 09 de março de 1851 vieram os primeiros imigrantes alemães. Depois vieram suíços, noruegueses, dinamarqueses, poloneses, italianos, etc. Era uma enorme diversificação cultural em que ficavam lado a lado oficiais das forças armadas, capitalistas, utopistas, agricultores, artesãos, comerciantes, etc. Já em 1851 começou-se a trabalhar na Estrada Dona Francisca onde, depois, surgiu São Bento, Campo Alegre e Rio Negrinho. E a seu redor ainda muitas outras.
Santa Catarina
São 6.727.000 de habitantes. Sua extensão é de 95.346 Km2. Contém 295 municípios. É o menor estado da região sul, mas muito profícuo. Da área total do Brasil representa apenas 1%.