História de Santa Catarina (V)

Questão de limites

O Tratado de Tordesilhas que deveria marcar a divisa das terras espanholas e portuguesas na América foi muito mal definido e essa indefinição custou muita guerra e muito sangue. De 1580 a 1640 Portugal e todas suas colônias, o Brasil também, pertenceram a Espanha. Assim o limite já não era mais necessário, pois terras de lá e de cá, tudo agora era só da Espanha. Mas em 1640, Portugal voltou a ser independente da Espanha e o Brasil novamente fez parte de Portugal e assim outras divisas foram marcadas em 1750. Partiu-se, então, do princípio: onde se fala português é Brasil e onde se fala espanhol é da Espanha. Foi esse tratado que deu ao Brasil o formato atual cujo mapa é muito cheio de curvas, de entrâncias e de saliências.

Fundações vicentistas

Na prática as terras dos irmãos Martin Afonso de Sousa e Pero Lopes de Sousa, no sul do Brasil, formavam uma só administração que estava localizada em São Vicente, a primeira cidade do Brasil fundada em 1532, e que fica onde hoje está a cidade de Santos em São Paulo. É por isso que as atuais terras de Santa Catarina passaram a ser povoadas por vicentistas, ou seja, gente natural de São Vicente. A primeira concessão de terras catarinenses foi feita ao bandeirante Manoel Preto, em 1629, e ele também recebeu o título de Governador da Ilha de Santa Catarina. O segundo título de terras catarinenses foi feito em São Francisco do Sul ao vicentista Antônio Fernandes em 1642. Demorou muito para iniciar a povoação catarinense.

A primeira vila oficial

A primeira cidade catarinense, antigamente todas elas chamadas de vilas, foi a vicentista São Francisco do Sul cujo primeiro nome era Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco, fundada em 1658 por Manoel Lourenço de Andrade. Mas o primeiro europeu que pisou em solo catarinense foi um francês chamado Binot de Gonneville e isso aconteceu em 1504 em São Francisco do Sul. Lá ele deixou sinais de cristianismo no dia da Páscoa daquele ano, dizem alguns que foi uma capelinha para a qual instruiu os carijós da localidade na religião cristã. Um filho do cacique de lá foi com ele para a Europa e até casou com a filha de Gonneville. Um dos sucessores do fundador da Vila foi muito mau e prejudicou o progresso deste povoado.

A segunda vila oficial

A segunda cidade catarinense, fundada por vicentistas, foi a Vila de Nossa Senhora do Desterro hoje, muito erradamente, chamada de Florianópolis. Após esta Vila ter um florescente progresso aconteceu um imprevisto que muito atrapalhou sua caminhada inicial. Deu-se que Dias Velho prendeu um grupo de piratas com suas riquezas e os enviou a São Vicente. Foi muito elogiado por isso, mas lá pegaram os tesouros para o Governo de Portugal e, imprudentemente, soltaram os piratas que voltaram, atacaram a Vila de Nossa Senhora do Desterro e mataram Francisco Dias Velho.  Somente salvaram suas filhas e esposa por intercessão de dois padres. Foi um desastre muito prejudicial ao início desta cidade.

A terceira e quarta vilas oficiais

A terceira cidade catarinense, fundada por vicentistas, foi Santo Antônio dos Anjos da Laguna, hoje simplesmente Laguna. Foi estabelecida por Domingos de Brito Peixoto em 1684 que, apesar de ser considerada, por Portugal, o ponto limítrofe do Tratado de Tordesilhas no sul, serviu de apoio para mais novas conquistas meridionais em direção ao Rio da Prata. E a quarta cidade fundada em Santa Catarina foi Nossa Senhora dos Prazeres dos Campos das Lages, hoje simplesmente chama de Lages. Foi fundada por Antônio Corrêa Pinto em 1766 a mando da autoridade de São Vicente, já então capitania de São Paulo. São estas as quatro primeiras cidades de Santa Catarina que nos seus primeiros tempos eram chamadas de vilas.

Santa Catarina

São 6.727.000 habitantes. Sua extensão é de 95.346 Km². Contém 295 municípios. É o menor estado da região sul, mas muito profícuo. Da área total brasileira representa apenas 1%.