Guerra do Contestado (XVII)

A manobra de cerco

09/01/1915 foi dado início. Bonifácio Papudo, chefe do reduto de Canoinhas e Henrique Woland, chefe do reduto de Papanduva, renderam-se com seu pessoal, mais de 500 pessoas. O Alemãozinho, Henrique Woland, afirmou que “...o fanatismo não passava de puro  banditismo”. Esse jagunço deu importantes informações ao exército quanto a localização dos redutos, caminhos e condições de combate. Isso fez com que o General Setembrino reunisse os seus comandantes e resolvessem agir numa operação simultânea estrangulando o reduto de Santa Maria onde Adeodato, erradamente, reunira seu pessoal permitindo, assim, o exército cerca-lo.

Coluna Norte avançou para o sul

O Tenente-Coronel Onofre foi de trem até Santa Leocádia donde marchou até a Vila Timbó e ali acampou para esperar o Capitão Potyguara que encontrou muitas dificuldades. Foi traído por 12 vaqueanos que tentaram levar o destacamento a uma emboscada e sem ter como mantê-los presos, ordenou o fuzilamento dos traidores. Em Timbozinho, vila abandonada, achou 3 mil cartuchos aproveitáveis. Mandou queimar as casas. Em Santo Antônio houve jagunços que resistiram, mas fugiram deixando 164 mortos e as 1.200 casas foram queimadas. Encontraram ainda outros redutos abandonados cujas casas foram queimadas. Em Reichardt acampou.

As colunas Leste e Oeste

A do oeste ficou cuidando da ferrovia. A do leste atacou, na Serra do Espigão, os redutos de Marcello, de Aleixo e de Josephino. Contou com o auxílio de vaqueanos. Venceu os três: 88 insurretos mortos, muitos feridos e 236 prisioneiros. Muitos jagunços começaram a fugir como os do reduto de Aleixo que, apesar de bem defendido, foi abandonado. Adeodato convocou todos para um só reduto, o de Santa Maria, para evitar que mais chefetes, com seu pessoal, se entregassem às forças do governo e, ali, como a fé no monge, no sebastianismo e no messianismo morria, era preciso manter a unidade com verdadeira estupidez, crueldade e assassinatos diários.

Coluna do Sul – o insucesso

Sob o comando do Coronel Estillac Leal, enfrentou um terreno difícil, pouco conhecido, com apoio distante e dificuldades nas comunicações. Teria que chegar a Santa Maria e Tamanduá. Ela concentrou-se em perdizes grandes. Os vaqueanos não conheciam o caminho e assim o cartógrafo Walter Smid passou a servir de guia. Pairavam dúvidas sobre sua lealdade. Sua família estava refém dos jagunços (os insurretos não mantinham prisioneiros!) e ele comandara um piquete de revoltosos contra as tropas do General Mesquita. A coluna chegou ao extremo de cada soldado ter apenas 120 cartuchos e ração para dois dias. Sob frio e chuvas, fortemente atacada, retrocedeu.

Cai Santa Maria

Reaparelhada a Coluna Sul e auxiliada pelas Norte e Leste, no dia 08/02/1915 começou o ataque a Santa Maria que era uma extensão de légua e meia de ranchos e malocas desde o Riacho São Miguel até as margens do Rio Caçador. Foi uma luta terrível que durou por dois meses. A resistência dos insurretos foi simplesmente extraordinária aproveitando-se da mata e das faldas geográficas contra o exército bem aparelhado, mas ao qual faltava a experiência nesse tipo de luta e muitos soldados de clima quente num lugar de frio e lama. A luta cruel durou até 05 de abril, quase dois meses. Adeodato fugiu e dois novos redutos apareceram e a luta ainda sem fim.

Sumário

Área: centro norte catarinense, 40.000 Km²; exército: 7.000; caboclos mortos: 10.000; militares mortos: cerca de 500; população da área: 30.000; data: 1912 a 1916.