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José Kormann, Dr. (Histórias da História)


Dr. José Kormann (Histórias da História)

Historiador


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Guerra do Contestado (X)

Quarta, 04 de fevereiro de 2015

Três anos fatídicos: 1909, 1910 e 1911

Em 1909 a Lumber começou a ser construída, trazendo grandes expectativas e dúvidas. Em 1910 foi inaugurada a ferrovia que, para as autoridades, trouxe grande entusiasmo e para outros a falência. Ainda no mesmo ano de 1910 uma praga de gafanhotos assolou a região e no mesmo ano (1910) foi dada a definitiva sentença do Supremo Tribunal Federal a favor de Santa Catarina no processo do Contestado. Em 1911 a Lumber entrou a produzir em grandíssima quantidade com tecnologia de ponta mundial. Era “o gafanhoto de aço”. No mesmo ano de 1911 veio a florada da taquara que trouxe a praga dos ratos. Começaram a falar na volta de João Maria. E ele veio.

 

A Southern Brazil Lumber & Colonization Company

A instalação dessa empresa na região do Contestado por Percival Farquhar marcou profundamente a história econômica e social catarinense e até nacional, mas imediatamente percebida pela população sertaneja como um verdadeiro desastre. O segundo nome, colonization compagny, previa que após desmatar as enormes áreas de pinhais poderia, a empresa, vender essas terras a colonos, como de fato o fez, expulsando de lá os posseiros que por vezes, há gerações, as ocupavam. Esta empresa foi autorizada em 1909 pelo Presidente Afonso Pena e seu ministro Miguel Calmon. Tornou-se, ela, “o gafanhoto de aço”, segundo muitos, dito por João Maria.

 

A Lumber

Ela foi instalada no centro de 200.000 Km² de gigantescos pinheirais. Sua sede operadora era Três Barras. Diariamente eram serrados, ali, trezentos metros cúbicos de madeira. Ela possuía alto grau de mecanização e de grandíssimos rendimentos. Todo colosso mecânico veio dos Estados Unidos. Outras serrarias foram construídas na região. Para o interior dos pinheirais foram abertas verdadeiras ferrovias. Mecanismos especiais derrubavam a mata e recolhiam a madeira que interessava. Quase toda produção era secada e exportada. Foram contratados especialistas para as funções técnicas e operários; os imigrantes. Os nacionais foram abandonados.

 

O escritório da Lumber

Era a “cidade-empresa norte-americana”. Tinha um porte especialmente imponente e foi muito bem construída: lindas casas de madeira com paredes duplas e eficiente sistema de aquecimento. Lá se chegou a fazer desfile comemorativo à independência dos Estados Unidos com bandeira e tudo. É claro que isso também ofendia a brasileiros monarquistas, republicanos e federalistas que por lá existiam ou disso ficavam sabendo. Os relatórios eram escritos em português, francês e inglês e depois, entre outros, eram enviados a Londres, Paris e Nova Iorque. A previsão de funcionamento da empresa era para 29 anos, mas funcionou de 1911 até 1952.

 

Lumber: nacionalização, extinção e consequências

Em 1940 ela foi nacionalizada deixando uma dívida de 152 milhões, Em 1952 foi extinta. O patrimônio de Três Barras passou a ser campo de manobras do Exército. As demais propriedades receberam os mais diversos destinos. Para os primeiros habitantes da região ela foi altamente perniciosa. É por isso que sofreu ataques e a ferrovia também. Um bilhete dos sertanejos dizia: “...toca os filhos brasileiros dos terreno e vende para os estrangeiro...” Quando o General Setembrino pediu terrenos para os jagunços, foi respondido: “Não há mais terrenos disponíveis todos já foram destinados a imigrantes europeus”. Dos 200.000 km² de pinheirais só sobraram 3%.

 

Sumário

Área: centro norte catarinense, 40.000 Km²; exército: 7.000; caboclos mortos: 10.000; militares mortos: cerca de 500; população da área: 30.000; data 1912 a 1916.



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