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José Kormann, Dr. (Histórias da História)


Dr. José Kormann (Histórias da História)

Historiador


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Guerra do Contestado (IX)

Segunda, 22 de dezembro de 2014

Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande

Já em 1835 o Regente Feijó assinara o decreto para que fosse construída uma ferrovia que ligasse o sudeste do Brasil ao sul, mas só em 1910 ela foi realmente inaugurada. Para que tal pudesse acontecer, vários benefícios legais foram concedidos e depois modificados ao longo dos anos. Em resumo esses benefícios foram chamados de “construção, uso e gozo”. Assim para a construção da linha sul foram, inicialmente, concedidos 90 anos de uso pela firma construtora e 30 quilômetros de cada lado dos trilhos. Já no trecho por Santa Catarina os quilômetros de cada lado da ferrovia foram reduzidos a 15 quilômetros e o uso para 50 anos.

 

O porquê da Linha Sul

O sul, Uruguai, Argentina, Paraguai e Rio Grande do Sul foram um constante pomo de discórdia entre si. Além de interesses ingleses que ali atuavam. Vários conflitos militares aconteceram envolvendo o Brasil. Desde o Tratado de Tordesilhas, 1494, as fronteiras nunca foram demarcadas. Com a independência desses países os problemas continuaram e até cresceram muito. Assim esta ferrovia vinha com um quádruplo propósito: 1) tomar posse efetiva da região; 2) transportar alimentos do sul do País para o centro; 3) em caso de necessidade enviar forças militares para lá; 4) evitar que, por facilidades hidrográficas, países vizinhos povoassem a região.

 

Consequências da ferrovia para a Guerra do Contestado

Ela introduziu na região diversos abusos e extravagâncias pela expulsão de posseiros que tradicionalmente já ocupavam a região com a vinda de empresas capitalistas estrangeiras e com isso aconteceu a ruptura das formas de associações entre a população local e os coronéis ou grandes fazendeiros. A terra que era um bem de uso foi transformada num bem de troca e apareceram novas relações de trabalho. Os coronéis foram incapazes de manter suas posições tradicionais de ascendência moral. Outro fator foi a ruína econômica do Caminho das Tropas, hoje BR-116, com suas casas de negócio, locais de pouso, descanso e invernadas em vários municípios.

 

Algo da História dessa ferrovia

O engenheiro brasileiro Teixeira Soares conseguiu do Governo Imperial a autorização para a “construção, uso e gozo” a 09/11/1889, mas seis dias depois caiu a Monarquia. Novo contrato foi assinado com o Governo Republicano em 1890 com a condição de que se construíssem escolas e igrejas em cada núcleo que ultrapassasse trinta famílias. Com Teixeira Soares a ferrovia chegou a Santa Catarina em 1905. A partir de 1908 a concessão passou para a Brazil Railway de Percival Farquhar que em ritmo alucinante a construiu sob as ordens do engenheiro Aquiles Stenghel. O trem avançava, cada dia, meio quilômetro e pouco e já em 1910 ela foi inaugurada.

 

Os operários da ferrovia em Santa Catarina

Não há números exatos de quantos foram os empregados na construção da ferrovia. Os índices variam sete a dez mil. “O serviço não exigia qualificação prévia, mas muita força física e disposição; o trabalho não era apenas pesado, mas também perigoso”. Tudo era feito manualmente. Trabalhava-se de escuro a escuro. Desviaram mil pessoas do ramal de São Francisco do Sul. Contrataram 2.000 pessoas da Europa que não se ajeitaram. Entraram em ação aliciadores regionais e nacionais. Era uma salada de línguas, cores e raças nada fácil de controlar. Muitos trabalhadores fugiam, mas eram duramente vigiados. Os mil do ramal de São Francisco aderiram à Guerra.

 

Sumário

Área: centro norte catarinense, 40.000 Km²; exército: 7.000; caboclos mortos: 10.000; militares mortos: cerca de 500; população da área, 30.000; data 1912 a 1916.



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