Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
O monge João Maria d’Agostini
Muitos são os nomes que ele recebeu, segundo o lugar e o fato que viveu. Muitas vezes era simplesmente chamado de João Maria. Mas foi chamado de João Maria d’Agostini, João Maria de Agostini, Solitário Eremita, Santo Milagroso, Monge Profeta João Maria, Frei João Maria, Geovanni Maria de Agostini, Juan Maria de Agostini, Monge e Profeta das Águas Santas, Frei João de Agostinho, Frei João Maria d’Agostini. O nome Justiniani também apareceu com parente do Imperador Justiniano do Império Romano, segundo alguns o diziam. Talvez com pesquisas mais profundas outros nomes aparecerão como fruto de suas peregrinações e constantes atuações.
Algo de sua história
Nasceu em Piemonte, Itália, em 1801. Chegou ao Brasil em 1844 e desembarcou no Estado do Pará donde, com o navio Imperatriz, veio ao Rio de Janeiro aonde chegou a conversar, a pedido, com o jovem Imperador D. Pedro II que lhe prometeu apoio, mas ele preferiu continuar sua vida de peregrino solitário e penitente. Quando criava fama e o povo se aglomerava ele mudava para outro lugar, geralmente na calada da noite, e o lugar abandonado virava local de veneração pública, muitos deles até hoje o são. Assim andou pelo Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Bolívia, Peru, México, Cuba, Canadá e Estados Unidos onde, como catequista, morreu mártir a 17 de abril de1869.
Seu aspecto físico
“Estatura baixa, cor clara, cabelos grisalhos, olhos pardos, nariz regular, boca dita(sic), barba cerrada, rosto comprido, aleijado de três dedos da mão esquerda.” (Livro de Registro de Estrangeiros, Sorocaba, interior paulista, 24/12/1844). A única foto que dele se tem lembra um religioso eremita, cajado, bíblia ou ofício das horas litúrgicas, cabelos curtos, barba branca sem bigode, pele clara e a mão esquerda apresenta os dedos aleijados. Lembra o estilo dos freis capuchinhos italianos. Esta foto está na Universidade do Novo México, Estados Unidos e foi tomada em 1867. Há pessoas que comentavam seu olhar muito vivo e bem profundo. Os maus nunca o suportavam.
Seus contatos sociais
Apesar de buscar sempre a solidão, jamais descuidava de estar em ordem com os mandantes civis e religiosos. As autoridades sempre sabiam quem ele era, o que fazia e quais os seus objetivos de vida. Atendia bem o povo com orações, conselhos e remédios naturais. Na ausência de sacerdotes batizava crianças. Sempre procurava a solidão nos morros, nas grutas ou debaixo de árvores frondosas. Nos diversos locais diferentes, e quando possível, se apresentava ao bispo de cada local. Em diversas igrejas consta que fez pregações a convite do vigário. Quando seu eremitério deixava de ser solitário, procurava outro. Alertava contra falsos profetas que após surgiriam.
João Maria d’Agostini e o povo
O povo já o via como um santo capaz de realizar milagres, venerando-o e seguindo seus conselhos. Sua pregação era católica: Jesus, Maria e santos. Seus sermões eram comparáveis aos dos padres capuchinhos italianos. Rezava as horas litúrgicas. Fazia a via-sacra por catorze cruzes que sempre erigia em seus acampamentos. Elaborava rosários e crucifixos que distribuía ao povo. Segundo o costume italiano seus sermões eram teatralizados por gesticulações o que muito admirava os ouvintes. Dos outros só aceitava o mínimo para sobreviver, mas sempre franciscanamente. Deixou profundas marcas entre o povo periférico que jamais o esqueceu até hoje.
Sumário da Guerra
Área: centro norte catarinense, 40.000 Km²; exército: 7.000; caboclos mortos: 10.000; militares mortos: cerca de 500; população da área, 30.000; data 1912 a 1916.