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José Kormann, Dr. (Histórias da História)


Dr. José Kormann (Histórias da História)

Historiador


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Guerra do Contestado (VI)

Quinta, 04 de dezembro de 2014


Simbolismos

Todos os movimentos sociais precisam de símbolos que os identifiquem. Assim o caboclo do contestado cortava seu cabelo à escovinha e por isso foram chamados de pelados em contraposição aos soldados que eram os peludos. Possuíam uma bandeira branca com uma cruz verde no centro. Todo reduto fazia o cerimonial matutino junto à cruz com vivas ao monge e a D. Sebastião depois mudado para São Sebastião. Houve o caso das virgens no alto comando como as célebres Teodora e Maria Rosa. Muitas vezes aos inimigos mortos a cabeça era picada em cruz. José Maria escolhera 24 homens da elite que formavam os doze pares da França, etc.

 

Sociedade camponesa Ameaçada

Antes da guerra esta era uma sociedade estabelecida e sólida de dominantes e dominados que se entendiam no consórcio da terra pelo parentesco consanguíneo, o místico e o compadrio. Era a troca social, econômica e religiosa fossem, eles, agregados, posseiros, ervateiros ou de outras categorias. Mas vieram os ricos estrangeiros que trouxeram outros alienígenas e a floresta, “a igreja verde” do monge que era a vida desse povo, foi depredada pelo “gafanhoto de aço” do qual também falara o profeta. Perderam seu meio de vida e lhes sobrava a busca do divino no transcendental e no arrebanhamento de seu meio de vida. Veio ataque e... a reação.

 

A reação

O messianismo do Contestado buscou a reconstrução de valores ameaçados. Havia crises: crise para sobreviver; crise do compadrio; crise dos valores morais antigos; crise do entorno com a derrubada da mata; crise da sociedade indígena caingangue; crise com a vinda de novos valores do exterior; crise com a expulsão de milhares de suas terras; crise com o novo governo republicano; crise de ausência de líderes religiosos, educacionais e de justiça. Tudo lhes era um mistério. Dizia-se, até, que cada reduto era um mistério e apresentava mistérios cuja solução viria do além já que do aquém nada mais poderiam esperar: como D. Sebastião e seu exército encantado.

 

Cem anos de lutas rurais – 1848 a 1950

Por mais de um século no sul do Brasil houve lutas rurais messiânicas. Assim, entre outras: a Concentração do Campestre em Santa Maria(RG) de 1848 a 1849; os Múchers em São Leopoldo(RG) de 1872 a 1874; a Revolução Federalista nos estados do sul de 1892 a 1895; o Canudinho em Lages(SC) em 1897; Monges do Pinheirinho em Lageado(RG) em 1902; Guerra do Contestado(SC) de 1912 a 1916; Monges Barbudos de Soledade(RG) de 1935 a 1938; Movimento de Timbó(SC) em 1942; Revolta dos Posseiros no oeste do estado do Paraná em 1950 e este foi o único não messiânico. Houve alguns outros de bem menor importância, mas todos debelados.

 

Causas gerais desses movimentos

A mesma dor une muito mais que o mesmo prazer. O federalismo que significava lutar pela autonomia local. O profetismo de João Maria era uma vertente do federalismo. Os republicanos, unionistas, eram acusados de criar impostos e dar maior poder aos coronéis. As terras dos caboclos eram vendidas a europeus. Abandonados por todos procuravam a monarquia celestial e viviam uma espécie de comunismo caboclo. Era a ruptura com o Estado, os coronéis e a Igreja. O positivismo da República que por Ordem e Progresso entendia matar quem não estava com eles. Dizem que um Presidente teria dito que não tinha mais inimigos, pois já os matara todos. Era assim.

 

Sumário da Guerra

Área: centro norte catarinense, 40.000km²; exército: 7.000; caboclos mortos: 10.000; militares mortos: cerca de 500; população da área, 30.000; data: 1912 a 1916.

 



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