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José Kormann, Dr. (Histórias da História)


Dr. José Kormann (Histórias da História)

Historiador


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Guerra do Contestado (IV)

Terça, 18 de novembro de 2014

 

Revoltados ou contestadores

Era uma população reativa e não propriamente ativa, ou melhor, não proativa. O contato com os demais cidadãos se restringia, quase que unicamente, às ações repressoras. Só queriam que o governo não se metesse em suas vidas. Ele, para eles, não era, não existia e dele nada podiam esperar e até lhes era terrivelmente adverso. Como o governo agiu, eles reagiram sem nada pedir. No dizer de certos historiadores eram “cidadãos negativos”, pois seu significado, para a organização social e governamental, era a ausência de participação e assim excluídos e, para o governo, eram elementos perigosos e sem que houvesse qualquer diálogo foram combatidos.

 

Grande divórcio entre o povo e o governo

Euclides da Cunha já o denunciara em 1902, mas nada se fez para sanar esta terrível lacuna. Foi o crime do Estado, mas poucas pessoas o viram e só tardiamente o sentiram. Na Guerra do Contestado foi o Capitão Matos Costa quem o denunciou, mas também não foi ouvido. Inclusive foi morto durante a campanha pelos jagunços com os quais mantinha amigáveis diálogos. Os rebeldes nada mais eram do que os completamente abandonados do governo, as vítimas dos grandes proprietários, das grandes empresas estrangeiras e das forças militares, particulares, estaduais e nacionais. Foi a chaga da exclusão total até hoje ainda não de todo cicatrizada.

 

Os jagunços

O nome jagunço era dado aos nordestinos rústicos, caipiras, aos fanáticos de Antônio Conselheiro, capangas de coronéis fazendeiros, cangaceiros e bandidos. Nos sertões de Santa Catarina os revoltados da Guerra do Contestado também receberam este cognome. Era este mais um sinal, entre vários, de algum elo de ligação, talvez tênue, com a extinta Canudos através do dito monge José Maria ou de contratados pelo Grupo Farquhar no nordeste. Aliás, foi o que também se deu com o grupo do célebre Lampião e de vários grupos semelhantes no nordeste que nasceram por total exclusão de qualquer benesse social, mas o governo nada aprendeu e nada esqueceu, só agiu.

 

Ausência de classe média

A classe média, geralmente, faz o equilíbrio entre as classes sociais extremas; mas no contestado era, ela, praticamente inexistente. Assim quase só existiam, na alta, os fazendeiros e, na baixa, os ínfimos da pirâmide social. As relações entre patrão e operário eram muito semelhantes às de escravo ou de servo da gleba. Havia os posseiros, caboclos, roceiros, ervateiros, agregados que deviam prestar serviços gratuitos em troca de um pedaço de terra para plantar. A pobreza era premente e sem remédio. Ao sopé da pirâmide estavam os peões, espécie de escravos domésticos. Havia ainda os toreiros ou lenhadores e os taipeiros fazedores de muros de pedras.

 

Os coronéis

Em 1831 D. Pedro I renunciou ao trono brasileiro. O Brasil passou a ser governado pela Regência e estava em perigo de esfacelar-se. Para evitar isso criaram a Guarda Nacional pela qual os grandes fazendeiros se tonaram coronéis com enorme poder local, desde que fossem fiéis ao poder central. Como esse sistema funcionou, a República o manteve. Em 1911 foram expulsos todos os posseiros de uma grande área territorial em Campos Novos, cedidas, gratuitamente, a um coronel pelo Estado do Paraná. Outro coronel, Henriquinho, apresentou-se como pai da pobreza e defensor dos fracos, mas o coronel Albuquerque pediu a força militar. Era o começo.

 

Sumário da Guerra

Área: centro norte catarinense, 40.000 km²; exército: 7.000; caboclos mortos: 10.000; militares mortos: cerca de 500; população da área, um total de 30.000 habitantes.



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