Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Veni, vidi, vici
“Vim, vi, venci”. Esta é a carta mais curta da História. Ela foi enviada por Júlio César, general romano, ao senado de Roma pouco antes de Cristo. Ele estava perseguindo o general Pompeu e na Espanha o derrotou. Em três palavras disse tudo claramente sem rodeios e sem enfeites. É um exemplo de laconismo muito usado na Lacônia, Grécia, onde se ensinava tal linguajar aos militares. É claro que se deve cuidar para não perder as estribeiras. Todo além e todo aquém nem sempre são convenientes. A Lei do Equilíbrio deve sempre permanecer. É ela que nos indica os limites adequados sempre tão propícios a conquistar a felicidade. In media virtus stat, diziam os romanos.
Trabalhar com a mão esquerda
Quando os judeus foram libertados na Babilônia e puderam voltar a sua pátria, resolveram reconstruir o muro de Jerusalém. Conta na Escritura que trabalhavam com a mão esquerda e seguravam a espada com a mão direita. É lógico que isso não passa de um pleonasmo para simbolizar que é mais importante defender o que se faz do que propriamente o fazer. De nada adiantaria fazer se algo, logo a seguir, o viesse a destruir. A mão direita, no conceito popular, sempre foi considerada a mão nobre. Assim, segurar a espada com a mão direita significa, aí, que a defesa física, mental, cultural e espiritual é mais importante do que a obra propriamente dita. Faça-te feliz.
Vivia sozinho o homem sem mãos
Foi em 1950 que, trabalhando numa pedreira, Carlos Kobus, na explosão de uma dinamite, perdeu as duas mãos. Naquele tempo ainda nem se falava de reimplante. Ficou só com os braços e antebraços. No final de sua vida vivia sozinho em sua casa. Fazia sua comida, lavava e passava sua roupa, plantava sua horta e cuidava de alguns animais. Dava até algo de sua plantação para um pobre vadio de corpo perfeito que era seu vizinho. Vários canais de televisão foram avisados e prometeram fazer reportagens, mas nunca o fizeram. Carlos Kobus, após um período de adaptação, via-se-o sempre feliz. A felicidade sempre é possível. Ela é fruto de forte labor pessoal.
Une mais a mesma dor do que o mesmo prazer
Fatos e mais fatos da vida real o comprovam. Quantos e quantos grupos após receberem grandes benefícios se desuniram completamente procurando cada qual sua vida própria, enquanto que os atingidos pela mesma dor uniram-se vigorosamente, muitas vezes até verdadeiras hecatombes aconteceram como no caso de Roma contra Cartago, como na Guerra do Contestado ou dos Múquers no Rio Grande do Sul. Quem sabe lá um dia a humanidade aprenderá a unir-se pelo amor e não somente pela dor. Disse alguém, enquanto estávamos juntos até parecia que não era bom, mas depois a dor da saudade me fez amar. A consciência faz feliz, e como.
Tudo para usar e os humanos para amar
Disse um sábio: “Deus deu-nos tudo para usar e os humanos para amar; mas amamos nosso uso e usamos os humanos”. Eis porque os maus tratos a tantas pessoas e tantos cuidados a coisas secundárias. Tantos gastos com as guerras e tão pouco com saúde e educação. Tanto gosto nas filmagens pelas lutas mais cruéis, pelas mortes mais curiosas, pelas traições, infidelidades, cinismos e preconceitos. E depois estranhamos o descalabro social que hoje vivemos. Estamos mais do que em tempo de voltar à Lei do Equilíbrio: usar corretamente tudo aquilo que podemos e devemos usar e voltar a criar o verdadeiro amor. “Só o amor constrói”. Sê livre e feliz.
Por que não sou feliz?
Porque sempre ponho a felicidade onde eu não estou e nunca a coloco onde eu estou. Só é feliz quem põe a felicidade onde ele está e ama o que tem e não o que não tem.