Por que não sou feliz (XXVII)

Cristo e Judas são os mesmos

Leonardo da Vinci levou quatro anos para pintar o quadro da Santa Ceia. As figuras têm tamanho natural. Para fazer os desenhos escolheu pessoas para servirem de modelo. Para Jesus escolheu um homem de 33 anos com olhar de pureza e um rosto de inocência valorosa. Quatro anos depois pintou Judas e para isso escolheu alguém que em seu rosto retratasse a baixeza do crime que cometeu.  Ao aprontar a pintura o homem pôs-se a chorar e disse que Cristo também era ele. Após servir de modelo para o rosto do Salvador caíra em profundos vícios e toda sorte de depravações. Rosto é o espelho da alma; sê sempre virtuoso, serás feliz e de aspecto apresentável.

O Papa e o Rei morreram logo depois

Tiago de Molay, grão mestre da Ordem dos Templários, foi condenado, injustamente, com todos seus companheiros a morrer queimado vivo. O crime foi cometido por um papa covarde e molengão e pela ousadia criminosa do Rei da França que só quis a riqueza dos templários. Quando as chamas da fogueira já o lambiam Tiago de Molay gritou a plenos pulmões: “Convoco o Rei e o Papa a comparecerem no Tribunal de Deus”. Pouco depois, de morte horrível, os dois expiraram. A vida é tão curta e não vale a pensa ser mau. Precisamos sempre cuidar com todo afinco e valor de nossos pensamentos, palavras e obras. Ser feliz é mais importante que ser importante.

O salvador do País Equador tinha medo de uma simples rocha

O Equador hoje existe como país graças à ação corajosa de Garcia Moreno, mas quando ele era menino foi muito medroso. Ele, contudo, logo entendeu que medo todos têm: alguns o enfrentam – são os heróis; mas outros dele correm – são os poltrões. Atrás da casa de seus pais havia um grande rochedo que, só de olhá-lo, já sentia medo, mas para enfrentar e dominar esse medo, todos os dias, debaixo dele ele, ia estudar algum tempo, e venceu. Quem tem uma virtude em grau heróico as têm todas. Foi o que lhe aconteceu. É o grande herói do Equador e está em processo de canonização. Vença, você também, seus pequenos defeitos e será grande e bem feliz.

Este mundo seletivo

Nosso mundo é um mundo pluralista, confuso e cheio de artimanhas perigosas. Nele todos querem sobreviver e ninguém se afogar nesta maré enchente de coisas e mais coisas. Há nele pessoas e mais pessoas que se emaranham totalmente nas redes do consumismo insaciável, das ideologias espafúrdias, dos credos aliciadores, da ganância tão sem fim e assim acabam por cair nesse poço sem um fundo que os segure dos vícios de todas as laias. É preciso aprender gostar de si mesmo, amar-se profundamente e assim buscar a verdadeira alegria, a paz sincera e a verdade que liberta: ser seletivo. Buscar só aquilo que soma, que faz bem. O pouco que faz feliz.

Mário Cristofolini

Mais uma vez ele. É, a vida dele é rica em bons exemplos. Mário, como bom italiano, sempre cantou muito bem. E nos tempos de estudante, numa festa, cantou e foi aplaudido. Muito contente, na aula de português, fez uma redação sobre o fato. Mas o professor o recriminou com violência, dizendo que ele não deveria ter feito isso. O orgulho é pecado e por aí a fora. Que desânimo para um bom aluno. O professor deveria tê-lo orientado para o sucesso e nunca, jamais, tê-lo desanimado. Professores, pais, orientadores existem para construir individualidades e não para destruir. Não há palavra neutra. Toda ela constrói ou destrói. Use-as, faça felicidades.

Por que não sou feliz?

Porque sempre ponho a felicidade onde eu não estou e nunca a coloco onde eu estou. Só é feliz quem põe a felicidade onde ele está e ama o que tem e não o que não tem.