Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
O menino quis pôr todo mar num buraquinho
Numa praia deserta um insigne filósofo passeava meditando. Queria ele entender a eternidade de Deus. Pensava e pensava sem nada poder concluir. Já cansado de tanto conjeturar estendeu seu olhar pela orla marítima e viu um menino que muito compenetrado pegava das águas do mar e corria para despejá-la num buraquinho aberto na areia. O pensador perguntou o que estava fazendo e ele respondeu que queria pôr todo mar naquela covinha. O sábio lhe fez ver que isso era impossível e o menino, antes de desaparecer, retrucou: e pôr Deus todinho em sua cabeça também é impossível. Há mistérios, de momento, não explicáveis. Vá com calma e sê mais feliz.
Três grandes decepções que superei
Isso quem me falou, foi um aluno universitário. Perguntei-lhe quais foram essas decepções e ele respondeu: foram três Ps: um Padre que debochou porque me viu rezando, meu Pai que tantas vezes me disse de você nada se pode esperar nesta vida e um Professor que, na frente de todos, me chamou de vadio e relaxado e isso eu nunca fui. Não sei onde, mas dizem que a Bíblia diz que seremos julgados por cada palavra que proferirmos. As palavras podem ser assassinas ou salvadoras. Cada uma delas leva uma carga energética construtora ou destruidora da individualidade. Se animais percebem isso, imagine o ser humano. Cuidado com palavras, faça felicidade.
E o monstro devorava os catorze jovens
Dizem que na ilha de Creta havia um labirinto. Lá morava o Minotauro que todo ano devorava 14 jovens: 7 de cada sexo. Um dia entre eles estava Teseu e sua noiva Ariadne. Teseu resolveu entrar sozinho e enfrentar esse monstro que com gargalhadas fazia os jovens correrem até caírem de cansaço quando então os devorava tranquilamente. Para reencontrar a saída do labirinto Teseu levou um fio de um novelo de Ariadne. Com facilidade não correu da gargalha do Minotauro e o matou. Guiado pelo fio saiu vitorioso e assim salvou a muitos de morte horrível. Seja você também um Teseu: não fuja das risadas, vá pelo fio do seu amor e faça felicidades.
Pouco antes da batalha pulou no mar
Os navios de guerra das duas esquadras estavam apostos, prontos para entrarem em combate. Um dos comandantes em sua esquadra deu ordem: Quem abandonar seu posto será sumariamente fuzilado. Mas pouco antes do início do combate a carteira com os documentos de um marinheiro caiu no mar e ele saltou para buscá-la. O comandante deu ordem para prendê-lo para posterior execução. Respondeu, ele, que não foi por dinheiro ou documentos que busquei a carteira, mas pela foto de meus pais que jurei honrar. O comandante de pronto falou: Quem honra seus pais também respeita sua bandeira, estás perdoado. Tenha você também ideais para amar, sê feliz.
Mais vale um covarde vivo do que um herói morto
Erradíssimo! Mas é isso que certa época se propalava e, às vezes, hoje ainda se fala e até mesmo se pratica. O covarde vivo é um constante perigo. O herói, mesmo morto, é constante bandeira hasteada que convoca para um ideal. Um sábio historiador disse, certa vez, que se os doze apóstolos não tivessem corrido por ocasião da prisão de Jesus, talvez tivesse mais doze cruzes no calvário, mas a História seria bem outra, sem dúvida. Temos hoje em dia muito covarde vivo e poucos que estejam dispostos a morrer por um ideal de justiça, liberdade e amor. Até particularmente vale bem mais ser o herói de sua própria vida do que sua eterna vítima. Pensa e viva bem mais feliz.
Por que não sou feliz?
Porque sempre ponho a felicidade onde eu não estou e nunca a coloco onde eu estou. Só é feliz quem põe a felicidade onde ele está e ama o que tem e não o que não tem.