Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Quem quiser passar o Bojador tem que ir além da dor
O Cabo Bojador fica a noroeste da África. Era também chamado o Cabo do Medo. Os primeiros marinheiros tinham medo de passá-lo em suas navegações. Para além do Bojador ficava o mundo desconhecido. Em 1434 o navegador português, Gil Eanes, o perpassou. O poeta português, Fernando Pessoa, diz que “Quem quiser passar o Bojador tem que ir além da dor”. Quer dizer que se alguém quiser enfrentar o seu mundo desconhecido, descobrir as grandes perspectivas de sua vida, deve perder o medo e ir além da dor. Sê você também um Gil Eanes e vá além da dor, passe seu Bojador vital e navegue os lindos mares desta vida tão plenos de enormes felicidades.
A criancinha salva os três
Um navio ancorou. Uma moça andou por lá. Um marinheiro por ela se apaixonou. O navio teve que partir e o marujo também, mas prometendo voltar. A moça deu à luz um lindo bebê, mas ela foi marginalizada, desprezada e violentamente ofendida. Um dia resolveu atirar-se de um rochedo com o filho nos braços dizendo: eu sou da escoria social e tu és o filho desta maldita; para nós não há lugar neste mundo. O filho olhou à mãe e sorriu. A mãe respondeu: tu me amas e eu te amo e assim nos dois podemos amar e ser felizes. Um navio no porto entrou e um marinheiro disse à mãe: a felicidade de vocês venceu a grande de dor e nos três vamos ser os mais felizes.
Combateu o bom combate
Por essa felicidade, o amor, estava disposto a enfrentar todas as tribulações, suportar os piores tormentos, fossem de ordem natural, como também as de ordem moral. Muitas vezes viu a morte de perto. Cinco vezes recebeu 39 açoitadas, três vezes foi flagelado com varas. Uma vez foi apedrejado. Três vezes naufagou. Por quantos e quantos perigos e traições passou. Mas no final deixou escrito: “Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça”. Quem é esta pessoa da qual se fala neste trecho? É um dos maiores heróis da humanidade e que tanto lutou por nossa e sua própria felicidade? É São Paulo.
Seu canto fazia nascer o Sol
É a célebre estória do folclore francês do galo Chante Clair. Era o rei do galinheiro. O canto mais lindo era o dele. Mas um pato que andava por lá incitou uma revolta contra o dono do galinheiro e Chante Clair, com todo seu grupo, fugiu. Foram para o mato. Alguns animais experientes avisaram do perigo que lá havia. Existiam raposas e gaviões. Chante Clair não deveria mais cantar para não atrair os inimigos. Ele ficou muito triste, pois era idéia geral que seu canto fazia nascer o Sol. Não cantou e o Sol nasceu. Chante Clair perdeu sua autoridade, voltou e foi parar na panela de seu dono. A verdade liberta e faz feliz, enquanto a ilusão só engana e só causa desgraças.
Alma penada
Você já ouviu falar delas? Dizem que são almas que não vão para o céu e nem para o inferno. Ficam por aí pedindo o julgamento das pessoas que passam por onde elas aparecem. Dizem que em Corupá, junto a uma pinguela sobre um poço de rio onde morrera um cachaceiro e sua alma aparecia a quem meia noite ali passava e ela sempre perguntava: Para onde eu vou? Todos fugiam apavorados, mas certa noite um morador da redondeza, beberrão e muito mal educado, respondeu à pergunta da alma, dizendo: Vá pro inferno! E ela respondeu: Está bom, te espero lá! Diz Cristo: “Com a medida que julgardes, sereis também julgados” Faça o bem e serás feliz.
Por que não sou feliz?
Porque sempre ponho a felicidade onde eu não estou e nunca a coloco onde eu estou. Só é feliz quem põe a felicidade onde ele está e ama o que tem e não o que não tem.