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José Kormann, Dr. (Histórias da História)


Dr. José Kormann (Histórias da História)

Historiador


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Por que não sou feliz? (IV)

Terça, 28 de maio de 2013

 

 

O terrível complexo de andaime

Havia um casal sem filhos. Ele, na faculdade, fazia o curso de Direito. Ela trabalhava o quanto podia para ajudar a pagar o curso: era diarista, tricoteira, crochetei­ra, bordadeira, jardineira, cozinheira, tudo, enfim. Todo o dinheiro era para seu marido. Toda sua vida era ele, só ele. Ela não possuía vida própria. Vivia a vida dele e não a dela. Veio a formatura, mas quem dançou a valsa da formatura com ele já foi outra e não a antiga esposa. Ele errou, mas ela mais ainda. Ela quis construir e não se construir. O prédio ficou pronto e o andaime, como sempre, foi destruído. Ser feliz é se amar a si próprio para poder amar ao próximo. É preciso andar com os dois pés. Vá!

 

Essa mãe morreu gritando

Lá nos tempos de antanho. Foi descoberto que a filha solteira estava grávida. A mãe preparou a carroça, car­regou as poucas pobres tralhas da filha, mandou que ela subisse e saíram em veloz corrida. Lá longe de casa encontraram rústicos ervateiros na faina da recolta. A mãe mandou a filha desembarcar, jogou seus parcos pertences e gritou para os rudes trabalhadores do mato: fiquem com ela e façam dela o que quiserem. Na casa só sobrou na parede um retrato da moça. Anos de­pois a mãe chorava e o quadro tremia. A mãe mor­reu gritando pela filha. Nunca voltam mais: o tempo passado, a ocasião perdida, o ato já feito e a palavra proferida. Pensar bem...

 

O homem sem mãos

Foi em 1950. Ao explodir uma pedreira, uma dinami­te arrancou as duas mãos de um trabalhador. Naqueles tempos não havia reimplante. O jeito foi viver assim: primeiro com seus pais, depois com seu irmão e, final­mente, só. Sem mãos, lavava sua roupa, plantava sua horta e apreciava ajudar os outros. Nunca pediu esmo­las. Sempre andava bem vestido. Falei com o pessoal do Silvio Santos para fazerem uma reportagem. Promete­ram – e nada. O mesmo deu-se com o pessoal do “Fan­tástico”. Prometeram e, igualmente, nada. Ele sempre vivia alegre e feliz. Dizia que Deus não tem culpa, foi imprudência. Ser feliz é aceitar, entender, resolver, sa­ber viver. Faça!

 

O maior dos perdões

Ter o todo poder de fazer-lhes um mal dos mais horri­pilantes, mas perdoar sem ser perdoado. Teve o poder de trazer os raios do céu e despedaçá-los; de fazer com que a terra os engolisse, vagarosamente, um a um; de serem atacados por males repentinos que os contorcesse nas piores e mais doloridas agonias; mas por entre suas próprias dores das mais cruéis e das mais difíceis de imaginar, por entre os desprezos mais abjetos das almas mais imundas, ainda erguer os olhos ao céu e rezar por eles, dizendo: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”! Isso é amor, isso é perdão. Para ser feliz é perdoar, nem que seja só para seu próprio bem. Sê sábio!

 

A noite máxima do século 21

Sim, São Bento do Sul a viveu. Foi uma noite memorá­vel. Tudo o que de belo se possa imaginar ali aconteceu. Foi simplesmente transcendental. Levou seus assisten­tes a vivenciarem esferas celestes. Foi uma noite digna dos melhores espetáculos de todo o Brasil e, quiçá, de qualquer parte do mundo. Lamento por aqueles que não viram, não ouviram e não sentiram. Pode ser repetido, mas não terá mais a mesma aura, o mesmo espírito e a mesma verve vital da noite do centenário. Na verdade tudo é só uma vez, a única vez, não há repetição. Para­béns, Banda Treml! Mais uma luz da felicidade ficou no subconsciente de São Bento do Sul. Parabéns!

 

Por que não sou feliz?

Por que sempre ponho a felicidade onde não estou e nunca a coloco onde estou. Só é feliz quem põe a feli­cidade onde ele está e ama o que ele tem e não o que não tem.



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