Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
O terrível complexo de andaime
Havia um casal sem filhos. Ele, na faculdade, fazia o curso de Direito. Ela trabalhava o quanto podia para ajudar a pagar o curso: era diarista, tricoteira, crocheteira, bordadeira, jardineira, cozinheira, tudo, enfim. Todo o dinheiro era para seu marido. Toda sua vida era ele, só ele. Ela não possuía vida própria. Vivia a vida dele e não a dela. Veio a formatura, mas quem dançou a valsa da formatura com ele já foi outra e não a antiga esposa. Ele errou, mas ela mais ainda. Ela quis construir e não se construir. O prédio ficou pronto e o andaime, como sempre, foi destruído. Ser feliz é se amar a si próprio para poder amar ao próximo. É preciso andar com os dois pés. Vá!
Essa mãe morreu gritando
Lá nos tempos de antanho. Foi descoberto que a filha solteira estava grávida. A mãe preparou a carroça, carregou as poucas pobres tralhas da filha, mandou que ela subisse e saíram em veloz corrida. Lá longe de casa encontraram rústicos ervateiros na faina da recolta. A mãe mandou a filha desembarcar, jogou seus parcos pertences e gritou para os rudes trabalhadores do mato: fiquem com ela e façam dela o que quiserem. Na casa só sobrou na parede um retrato da moça. Anos depois a mãe chorava e o quadro tremia. A mãe morreu gritando pela filha. Nunca voltam mais: o tempo passado, a ocasião perdida, o ato já feito e a palavra proferida. Pensar bem...
O homem sem mãos
Foi em 1950. Ao explodir uma pedreira, uma dinamite arrancou as duas mãos de um trabalhador. Naqueles tempos não havia reimplante. O jeito foi viver assim: primeiro com seus pais, depois com seu irmão e, finalmente, só. Sem mãos, lavava sua roupa, plantava sua horta e apreciava ajudar os outros. Nunca pediu esmolas. Sempre andava bem vestido. Falei com o pessoal do Silvio Santos para fazerem uma reportagem. Prometeram – e nada. O mesmo deu-se com o pessoal do “Fantástico”. Prometeram e, igualmente, nada. Ele sempre vivia alegre e feliz. Dizia que Deus não tem culpa, foi imprudência. Ser feliz é aceitar, entender, resolver, saber viver. Faça!
O maior dos perdões
Ter o todo poder de fazer-lhes um mal dos mais horripilantes, mas perdoar sem ser perdoado. Teve o poder de trazer os raios do céu e despedaçá-los; de fazer com que a terra os engolisse, vagarosamente, um a um; de serem atacados por males repentinos que os contorcesse nas piores e mais doloridas agonias; mas por entre suas próprias dores das mais cruéis e das mais difíceis de imaginar, por entre os desprezos mais abjetos das almas mais imundas, ainda erguer os olhos ao céu e rezar por eles, dizendo: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”! Isso é amor, isso é perdão. Para ser feliz é perdoar, nem que seja só para seu próprio bem. Sê sábio!
A noite máxima do século 21
Sim, São Bento do Sul a viveu. Foi uma noite memorável. Tudo o que de belo se possa imaginar ali aconteceu. Foi simplesmente transcendental. Levou seus assistentes a vivenciarem esferas celestes. Foi uma noite digna dos melhores espetáculos de todo o Brasil e, quiçá, de qualquer parte do mundo. Lamento por aqueles que não viram, não ouviram e não sentiram. Pode ser repetido, mas não terá mais a mesma aura, o mesmo espírito e a mesma verve vital da noite do centenário. Na verdade tudo é só uma vez, a única vez, não há repetição. Parabéns, Banda Treml! Mais uma luz da felicidade ficou no subconsciente de São Bento do Sul. Parabéns!
Por que não sou feliz?
Por que sempre ponho a felicidade onde não estou e nunca a coloco onde estou. Só é feliz quem põe a felicidade onde ele está e ama o que ele tem e não o que não tem.