Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Não é verdade. Para que se pratique o bem, é necessária primorosa educação da vontade; toda energia de uma virtude bem treinada; sabedoria, que não é um simples saber, adquirida em minuciosos exames e vigilância acurada de todos nossos atos; lúcida consciência enriquecida com a graça de Deus. Não basta o simples conhecimento do bem. Se assim fosse, os anjos maus não teriam pecado e nem Adão e Eva no paraíso. Quantas e quantas pessoas super conhecedoras do bem praticam descaradamente o mal. O puro e simples conhecimento do bem torna apenas as pessoas mais aptas a praticar o mal. Não é o conhecer, mas o ser total é que faz.
Amar e gostar são a mesma coisa
Mentira! O gostar é bem mais pobre que o amor. O gostar geralmente decresce com suas sucessivas satisfações ou para isso exige sempre mais, até a completa exaustão que pode ser a morte. O gostar, de certa forma, é destrutivo. Ele é bom se for mantido nos devidos limites e aí pode colaborar com o amor. O gostar é mais material e quer matéria. O amor é mais espiritual e prescinde da matéria. O gostar, com frequência, leva à morte; o amor, no seu auge, chega a dar a própria vida. O primeiro constrói, o segundo destrói. O amor se realiza com o sempre mais, o gostar se corrompe com o sempre mais. O gostar é com medida e o amar é sem medida.
Fora da Educação não há salvação
Se for educação verdadeira, sim. Se por educação, aí se entender a pura instrução, então não. Educação e instrução são correlatas ao amar e gostar, em que educação seria o puro amar e a instrução o mero gostar. Você já viu um músico que toca tudo bem certo, mas sua música não é agradável; mas tem aquele que até faz alguns erros, mas a vida que ele põe na arte da música é tanta que todos gostam. Educação é vida, é completude, é a constante busca da perfeição em tudo. A educação pode ter o auxílio da instrução, e é bom que o tenha, mas ela, por si só, não precisaria dela. Há instruídos tão mal educados e tantos educados pouco instruídos.
Não se deve dar liberdade aos inferiores
Mentira! Quem diz isso deveria ler o livro intitulado “Liberdade Sem Medo”, de A. S. Neill. Nós, geralmente, temos medo da liberdade e por isso não sabemos educar. Não é necessário seguir o livro de A. S. Neill ao pé da letra, mas que ele faz pensar, ah, isso ele faz! É lógico que a liberdade para tudo e para todos sempre tem que ser com responsabilidade. Liberdade sem responsabilidade vira bagunça, libertinagem, verdadeira destruição. Atos livres e corretos são os caminhos para a conquista da felicidade. Livres são os atos que contêm: a) pleno conhecimento, b) vontade bem formada, c) consciência iluminada. Lá se chega passo a passo. Sempre aos poucos.
Criança deve apanhar
Mentira! Se uma criança maior bate numa menor, é chamada de covarde, mas se os grandões batem nos pequenos aí é educação que se dá, é heroísmo dos adultos. Castigo, sim! Todos, adultos, médios e pequenos, todos devem receber castigos, mas castigos corretivos, castigos que realmente atinjam a pessoa de tal maneira que não queiram mais repetir esse ato. Havia uma menina que apanhava muito e ela mesma dizia: “Ralha não dói e surra não demora”. Facilmente se parte e pequenos castigos físicos para verdadeiras violências, o que nunca deveria acontecer. Como seria bom se todo castigo fosse um ato de amor e jamais de ódio e rancor.
Para bem castigar
As regras devem ser preconhecidas. O castigado poder escolher o castigo. Cuide criança escolhe castigo maior que o merecido. O escolhido pode não ser aceito.