Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)
Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF
Sou um homem que se interessa pelo passado, mas não me considero saudosista. Não acho que antigamente vivíamos melhor. Meu interesse é apenas impedir que as coisas caiam no esquecimento. Sei que é uma luta perdida: a maior parte já caiu no esquecimento antes que eu nascesse. O pouco que sobra é o que temos de mais precioso. E com esse pensamento tenho tentado, ao meu modo, fazer algo pela história de São Bento.
Há algumas semanas fiquei sabendo pelo próprio Evolução que o Museu Municipal havia aberto uma espécie de edital para escolher o nome de algumas das suas salas. Cada uma homenagearia um são-bentense. A Sala de Música, por exemplo, receberia o nome de um músico local. Seriam aceitas sugestões vindas principalmente de escolas, mas também empresas, grupos, sociedades e até mesmo particulares - eu sou um particular, modéstia à parte.
Interessei-me pela iniciativa e busquei mais informações. Descobri quais as salas faziam parte do projeto e comecei a pensar em pessoas que merecessem a homenagem. Abri um tópico na comunidade da história de São Bento no Orkut e recebi sugestões do Henry Henkels e da Rosemari Vidal Teixeira. Discutimos e fizemos pesquisas. Por fim, fiz um texto com candidatos para três salas. Lamentei apenas o prazo curto para envio, pois, caso fosse maior, talvez conseguíssemos pensar em nomes para as demais salas.
Na semana passada, enviei um e-mail ao museu perguntando sobre o atual estágio do projeto. Fui informado então de que ele está parado e que vai se pensar numa alternativa. Isso porque, entre os mais de 70 mil habitantes de São Bento do Sul, não houve uma viva alma que candidatasse quem quer que fosse. Foi preciso que eu, que desde 2005 estou longe da cidade, sugerisse aqui de Brasília um ou outro nome que parecesse interessante.
Imagino que o projeto não fosse segredo. Saiu em jornal e creio que não fui o único a ler. Acredito, inclusive, que muita gente que poderia contribuir também leu. Eu sei que é apenas uma sala de museu. A mim, pouco importa: é um instrumento para conhecimento histórico. Também não era preciso ser historiador para candidatar alguém. Há muitas famílias e empresas tradicionais na cidade, e que provavelmente gostariam de se ver reverenciadas, ainda que numa sala de museu. Nem isso foi suficiente.
Eu, que não toco instrumento algum, fui o único a candidatar alguém para a Sala da Música - essa mesma música da qual somos capital. Houve há alguns dias um encontro de entusiastas da Segunda Guerra Mundial. Talvez soubessem sugerir nomes para a Sala de Armas. Ou até mesmo os Atiradores. Também há uma sala apenas esperando que os escoteiros e as escolas escolham o seu nome. Além da minha, não houve indicação alguma para a Sala de Louças. E nem para as salas com os utensílios de cozinha, de costura, artigos sacros, montarias e ferramentas.
Naturalmente, no dia 23 de setembro os nossos jornais estarão repletos de anúncios exaltando a memória de São Bento.
Em tempo
Minhas sugestões foram os Irmãos Augustin para a Sala de Música, Alvino Ziebarth para a Sala de Artigos Sacros e Adolfo Sabrowsky para a Sala de Louças. Defendo os nomes, mas adoraria ter com quem concorrer.