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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Em memória da família Fragoso

Quinta, 05 de novembro de 2015

 

É preciso confessar o orgulho que me assalta toda vez que me aproximo de Fragosos. De dentro do ônibus, que mal deixou Piên, eu já começo a me envaidecer. E passo a olhar pela janela, na expectativa de encontrar as placas que me dirão, com todas as letras: FRAGOSOS. Porque este não é um nome qualquer, pelo menos não para mim. É o sobrenome da minha avó, é o sobrenome dos antepassados dela, os primeiros a morar por aquela região. Isto foi há muito tempo, é claro. Hoje em dia já não moram apenas os Fragoso em Fragosos, mas de alguma maneira o nome resistiu, persiste até hoje nas placas que eu vejo da janela do ônibus, enquanto me aproximo das terras que foram todas da minha família, e que ainda pertencem a mim, nas minhas memórias afetivas.  

Houve um dia que eu quis saber quem eram afinal esses Fragoso que deram nome ao lugar. As pessoas mais antigas do lugar dizem que o “fundador” de Fragosos foi um homem chamado Generoso Fragoso. Este era bisavô da minha avó e mantinha em Fragosos um armazém de secos e molhados – ao que parece, mais molhados do que secos. Mas ninguém sabia de onde ele vinha e quem era a sua família. Remexendo registros antigos, de livros velhos e amarelados, consegui reconstruir boa parte dessa histó-ria. Descobri que a ocupação do lugar não se deve apenas a Generoso, mas a toda a família de seu avô Manoel Soares Fragoso, que se mudou da Lapa para Fragosos antes de 1865. Os filhos e netos de Manoel ocuparam os dois lados do Rio Negro e logo o lugar se tornou “Fragosos”.

Mas eu ainda quis recuar mais, saber de onde vi-nha este Manoel, e descobri que era curitibano, filho de Theodoro Soares Fragoso, um simples lavrador que ainda na década de 1830 se mudou com a família para a Lapa. Já o pai de Theodoro era Domingos Soares Fragoso, filho bastardo de um paulista com uma índia curitibana. Foi, ao que parece, resultado de uma aventura de seu pai nos tempos de solteiro. Aí eu me senti parte do próprio Brasil, de tantas mazelas com origem em histórias semelhantes. Domingos, o pardo Domingos, não foi mais do que roceiro e criador de porcos. Teve que dar duro para sobreviver e mudou de casas várias vezes antes de se estabelecer em Rio Verde Abaixo, hoje parte de Araucária. 

Num dia como hoje, um 30 de outubro, mas o de 1765, ou seja, há exatos 250 anos, Domingos Soares Fragoso se casou em Curitiba. Sua esposa, Maria Dias Camacho, não tinha origem melhor: foi abandonada ao nascer. Esse casal pobre e humilde deixou uma descen-dência igualmente pobre e humilde que se espalhou pelo Paraná e Santa Catarina, chegando a Fragosos. Ali tiveram muitas terras, é verdade, mas que não duraram duas gerações, pois aos poucos tiveram que se desfazer delas. E hoje os Fragosos são só outra pacata família de Fragosos.

Para lembrar a data e registrar toda essa história é que lanço no dia de hoje o livro “A família Soares Fragoso – Genealogia no Paraná e Santa Catarina”, com uma árvore genealógica de 3.736 descendentes diretos de Domingos Soares Fragoso. Também é a minha história, também é o meu passado – também há um bocadinho de mim naquelas placas na beira de estrada.



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