Falar emagrece?

Muitas vezes, diante de situações embaraçosas no que diz respeito ao falar as pessoas acabam recorrendo à alimentação de maneira inadequada. Comer acaba sendo uma maneira de manter-se calado diante de algo que se quer falar, mas não se sabe como e às vezes o assunto é até mesmo “proibido”. São aquelas coisas que “não descem na garganta”, mas é “melhor engolir”. Em outras tantas situações a comilança acontece logo após uma gafe ou discussão, “escapou” o que não devia ser dito. A comida pode ser uma forma de interromper a fala, pode ser uma recompensa pelo desgaste gerado por uma situação desagradável, pode ser um consolo para a culpa. Aliás, a culpa é um dos piores sentimentos humanos. Ela é torturante! Não é de se estranhar que as pessoas se encham de alimentos doces e gordurosos, que são altamente palatáveis quando estão se sentindo culpadas, justamente para dar a si um pouquinho de prazer diante do desprazer imenso gerado pelo sentimento de culpa.

Nestes momentos, em que falar demais ou de menos geram situações desagradáveis, que desembocam no comer excessivo, a boa e velha arte da comunicação economizaria alguns quilinhos a mais para muitas pessoas. Por vezes, muitíssimos quilos! Logo, falar pode não queimar muitas calorias, mas evita a ingestão de várias e várias delas.

O que comumente as pessoas esquecem, ou não aprenderam mesmo, é que tudo pode ser dito, o importante é a forma. Depende das palavras escolhidas, do tom utilizado, do momento em que se diz o que se tem a dizer. Questionar-se sobre a relevância do tema também é essencial. A fala deve ser ética com quem ouve e com quem diz. Portanto, não faz mal a ninguém pensar antes de falar. Mas, só pensar e não encontrar uma forma adequada de falar faz mal sim. Gera ansiedade e sabemos que a ansiedade, dentre muitas coisas, pode culminar em compulsão alimentar.

O que seria, então, uma fala ética? É aquela que não precisa ser calada, nem gerar culpa por ter sido expressa. É aquela que não precisa ser remediada pela comida ou por qualquer outra artimanha irracional, ou mesmo tentativas racionais de reparação, como dar um presentinho a si ou ao ofendido, talvez uma caixa de chocolates...

Então, que tal treinar esse negócio de comunicação? Comece com você mesmo! Em frente ao espelho se lhe parecer mais fácil, fale com você, e perceba que tipos de sentimentos lhe despertou ouvir o que falou. Isso mesmo, fale com você em voz alta e fique atento ao que lhe despertou o ouvir. O falar provavelmente lhe proporcionará alívio, mas o foco neste momento é saber o que suas palavras podem provocar no outro. Afinal, é o que retorna do outro nessa relação que lhe gera o mal estar. Faça sua parte ao comunicar-se! O efeito disso é uma melhora na qualidade da fala que os outros dirigirão a você, pois é da fala do outro que muitos se queixam.