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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Tarde no interior

Quarta, 12 de novembro de 2014


É uma daquelas estradinhas de chão nas laterais de uma rodovia pouco movimentada. Rua sem saída – às vezes nos confundimos e falamos “sem fim”. Mas vai longe a ruazinha, e perto do fim existe até mesmo uma porteira, como aquelas das estradas de Ouro Fino. São poucos os carros que passam pela rua e, sempre que surge um, todos se voltam para ver de quem se trata. Geralmente é alguém que conhecemos, alguém que nos vê e dá uma buzinada para nos cumprimentar. Por vezes isso acontece no meio da tarde, quando estamos sentados à sombra das árvores, colocando a conversa em dia. Passa uma pessoa, cumprimenta-se, graceja-se e, depois que ela vai embora, conversa-se ainda sobre ela, sem maldade, revendo os seus dramas familiares, discutindo os galhos da sua árvore genealógica.

Assim a tarde passa, eventualmente exigindo que mudemos nossas cadeiras de lugar para escapar do sol. Ali mesmo fazemos um lanche agradável, cheio de doces que a gente não pode comer todos os dias. Os cachorros ficam zanzando entre nós, de vez em quando se deitando aos nossos pés, às vezes abusando da nossa boa vontade. Também eles não têm nenhum grande objetivo para o dia de hoje. O aparelho de som está na garagem e toca aquelas músicas sertanejas de hoje em dia, as únicas que se ouve por aqui.

Chegam os primos, homens que mal saíram da puberdade, mas já estão casados, alguns até com filhos. E eles contam um pouco sobre a batalha das suas vidas, a luta diária que é o trabalho em uma fábrica. Mas não podem conversar muito tempo, já não têm o mesmo tempo livre de quando eram crianças, e precisam aproveitar os dias de folga para sair com as suas mulheres. O tio que nunca se casou também vem se despedir, diz que vai dar uma passada na festa de igreja que está acontecendo hoje.

Olhamos para o céu, vemos nuvens escurecidas e compreendemos que em breve começará a chover. Em breve precisaremos entrar em casa e, então, toda a nossa distração se resumirá a uma velha televisão...

 

Eu, andando de táxi!

Não sei o que as pessoas têm contra andar a pé. É saudável, emagrece e não polui o meio ambiente. Aqui em Brasília não se cogita andar duas quadras sem usar um carro. Outro dia mesmo eu precisava ir do meu trabalho a um hotel que fica a, no máximo, 300 metros de distância. E não é que me deram um voucher de táxi? Eu demoraria mais tempo preenchendo o voucher do que viajando. Pois fui a pé.

É claro que, às vezes, eu me obrigo a andar de táxi. Eu, andando de táxi! Nunca encontrei um daqueles taxistas falantes, que contam a história de suas vidas e arrancam as nossas. Eles devem me achar esquisito demais para conversar. Fico calado, abro a boca apenas para pedir os dados do táxi que preciso anotar no voucher. Um dia eu esqueci o meu celular dentro do táxi. Telefonei então para mim mesmo e o taxista atendeu. Estava indo para casa, não podia voltar agora, mas ficou de passar no meu trabalho no dia seguinte para devolver. Foi o que fez, e eu passei a acreditar que existe um céu para os taxistas.

Naquele mesmo dia eu precisei andar outra vez de táxi. Depois que eu já havia descido dele, passei a mão no bolso em busca do meu celular – e, novamente, não o encontrei.



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