Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)
Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF
Nenhum argumento convence quem não deseja ser convencido. Não adianta apresentar as suas conclusões a quem ainda não chegou a elas. A única maneira de uma pessoa concordar com você é oferecer meios para que ela - se quiser - chegue sozinha às suas próprias conclusões. Não é outra a lógica das parábolas: uma linguagem figurada, um sentido obscuro que obriga - aqueles que assim desejarem - a refletir a respeito. Sendo bem construída, ela faz com que o ouvinte chegue à mesma conclusão de quem a contou. E, no entanto, se tudo fosse dito abertamente desde o início, onde haveria disposição para aceitá-la?
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Pode até funcionar para grande parte da população, mas, para mim, quem se preocupa mais em desconstruir a imagem do adversário - seja ele quem for - amontoa brasas sobre a sua própria cabeça.
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Para que um candidato elogie o seu rival, é preciso que ele morra.
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Todos parecem dispostos a provar de forma racional a superioridade das suas escolhas, mas o que parece ser realmente decisivo na escolha de um candidato é a fé que se deposita nele.
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Há propostas de governo tão perfeitas - pelo menos da forma que são apresentadas - que só falta incluírem a ressurreição da carne.
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Todo mundo é a favor de uma nova política, mas eu ainda não vi ninguém prometendo ser uma nova pessoa.
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O desafio: deixar que o outro seja livre para fazer o que eu não concordo.
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Como nos parecem sensatas as pessoas que concordam conosco!
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Acredite: é possível que uma pessoa inteligente e honesta intelectualmente chegue a conclusões totalmente opostas às suas.
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Quando foi a última vez que você voltou atrás em uma discussão?
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Ainda prefiro alguém que volte atrás a alguém que, com toda a sua coerência e firmeza de propósitos, nos leve ao precipício.
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Tudo será perdoado ao homem - menos que ele tenha alguma dúvida.
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Carreata serve para cantar vitória – mesmo diante da mais flagrante derrota.
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A mim pouco importa que a candidatura de um político ficha suja tenha sido finalmente barrada pela justiça eleitoral: antes, ela já havia sido barrada pelo tribunal mais terrível de todos, que é o da minha consciência.
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Não sei qual é a melhor estratégia para a nossa economia. Não sei se a autonomia do Banco Central é boa ou ruim. Não sei como resolver a questão da segurança pública. Não sei quais propostas de campanha são inviáveis. Não sei o que fazer para conseguir a paz mundial. Mas deixo aqui a minha admiração por todos aqueles que sequer precisam pensar a respeito: em segundos, enxergam todos os ângulos possíveis de uma realidade e sabem exatamente qual é o caminho ideal a seguir.