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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Não sabe o que está perdendo

Quarta, 17 de setembro de 2014


Você não sabe o que está perdendo até o dia em que deixa de repetir o passado – até o dia em que as suas escolhas são feitas mais por consciência do que por tradição. Quando acredita que não é por alguma coisa ter dado certo um dia que ela precisará ser reproduzida até o fim dos tempos. E já não teme fazer opções diferentes e pouco populares.

Você não sabe o que está perdendo até o dia em que deixa de ser radical – até o dia em que admite ter se equivocado em muitas das suas opiniões mais fortes. Quando não usa mais a sua personalidade como justificativa para continuar pensando do mesmo jeito por toda a vida. E descobre que teria sido melhor pensar diferente desde o início.

Você não sabe o que está perdendo até o dia em que faz algo pela primeira vez – até o dia em que resolve se arriscar e fazer coisas que não combinam com você. Quando reconhece que estava cheio de manias, regras, preconceitos e achismos que não correspondiam à realidade. E se dá conta de como pode ser enriquecedor mudar de opinião.

Você não sabe o que está perdendo até o dia em que deixa de viver com medo – até o dia em que não apenas viaja de avião como senta à janela e olha para baixo. Quando toma consciência de tudo aquilo que já deixou passar simplesmente porque havia risco de não dar certo. E então se abre às novas possibilidades que a vida lhe oferece.

Você não sabe o que está perdendo até o dia em que começa a achar possível – até o dia em que não enxerga mais as circunstâncias como limite para o que acredita. Quando percebe que aquelas frases clichês de otimismo escondem verdades que só são aprendidas pela experiência. E passa a considerar a possibilidade de retomar velhos objetivos

Você não sabe o que está perdendo até o dia em que se senta em outra cadeira, toma café em outra xícara, inverte a ordem de colocar comida no prato, sai do conforto e da rotina – até o dia em que deixa de ver as coisas da maneira que sempre viu.

 

Baladinha à minha irmã

Enquanto dormia, encontrei minha irmã pela primeira vez. Sempre perguntam se eu não sinto falta de ter irmãos. Mas perguntam assim, como se eu sentisse falta de não ter um terceiro braço. Pois eu encontrei a minha irmã, e ela se chamava Helena - como eu próprio me chamaria se tivesse nascido da costela alheia. Chamava-se assim e fazia sentido, porque mantinha a tradição de nomes com a letra H na família. E Helena era bem mais nova, devia ter uns oito, nove anos. É mais ou menos a idade do meu espírito, então nos dávamos muito bem. Ela ria muito enquanto brincávamos, e ainda ria quando observou: “Eu gosto das mesmas coisas que você”. Helena era meio boba, e queria apenas se parecer com o irmão mais velho. Acho até que ela era apenas minha meia-irmã. Mas ainda que fosse um quinto de irmã, ainda era a minha irmã. E quando eu, homem feito, chegava em casa, logo perguntava à minha mãe ou quem estivesse por lá: “E Helena? Onde está Helena?”. E Helena então aparecia, tinha acabado de ler um livro, e eu pedia que me contasse a história. Um adulto qualquer pedia então que ela não me aborrecesse. Imagine, aborrecer! Pois se era minha irmã! A irmã que nunca tive - e a irmã que nunca voltarei a ter.



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