Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)
Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF
O shopping center próximo ao meu trabalho criou um espaço para que as pessoas possam assistir as partidas da Copa do Mundo. Num raro momento de inspiração, chamou-o de “Lounge da Copa”. Acho que poucas vezes um mesmo trocadilho ocorreu a tanta gente.
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Muitos já apontam esta como a melhor Copa de todas. Era de se esperar, pois os tabus começaram a ser quebrados já na partida de abertura. Desde que Charles Miller inventou o futebol, nunca o Brasil havia vencido de virada uma seleção do leste europeu em São Paulo numa tarde de outono.
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Não importa o quão vistoso seja o futebol de uma grande seleção: eu sempre vou torcer pelo time mais fraco. Isso é mal de brasileiro, mas também os colombianos no Lounge da Copa torciam descaradamente para a Costa Rica contra a Itália. Só o comentarista da TV pensava lá na frente e achava que convinha torcer pelos italianos, mas todo mundo ignorou: a cada partida, basta o seu próprio mal. Que coisa mais gostosa foi comemorar essa zebra!
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Uma curiosidade: em todas as partidas da Itália o Hino Nacional foi substituído pelo da F1.
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Nos últimos dias tenho contado colombianos antes de dormir. Eles invadiram o país! Mas são simpáticos, têm uma boa seleção e nós os abraçaremos em caso de eliminação do Brasil.
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Bonita homenagem da mãe daquele jogador da Grécia, que deu ao seu filho o nome de um importante jogador brasileiro, o Sócrates.
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Imagino o suíço vendo pela TV a sua seleção levar um, hã, chocolate. Não pode nem protestar muito alto, sob pena de provocar uma avalanche.
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Ai de mim, que estou tão alienado!
O fatídico 12 de Junho
Além de não ter namorada em pleno Dia dos Namorados, ele também não gostava de futebol em pleno dia da abertura da Copa. Se pelo menos o chefe tivesse aceitado o seu pedido para antecipar as férias! A essa altura estaria nos Estados Unidos, que não dá a mínima para o futebol e onde o 12 de Junho não significa nada. Mas quis o destino que ele passasse esse dia no país da Copa.
Quando terminou o expediente, uma hora antes do jogo, não deixaram que ficasse lá trabalhando. E ele não podia nem mesmo ir para casa, pois sabia que os vizinhos o aguardavam com muita gritaria e foguetório. Se ele já não suportava isso normalmente, imagine em uma noite de fossa como prometia ser aquela! Também não podia se enfiar em um cinema, pois os shoppings já estavam fechados.
Por um momento pensou em tomar um comprimido para dormir, um tão forte que nem um grito de gol seria capaz de despertá-lo. Mas como conseguir isso àquela hora, se até as farmácias já estavam fechadas? Era desolador. E pensar que aquele era só o primeiro jogo do primeiro dia de Copa!
Em seu desespero, pensou até mesmo em se jogar nos trilhos do metrô. Mas aí se lembrou que os metroviários estão em greve.