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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Como dançar, se o Brasil sofre?

Quinta, 12 de junho de 2014


Minha rua está enfeitada para a Copa do Mundo. Não muito, apenas uma bandeira do Brasil, algumas fitas coloridas e meia dúzia de bolas verdes e amarelas. Mas não deixa de ser um gesto corajoso, pois hoje em dia pega muito mal torcer para a seleção. Eu não ficaria espantado se um vizinho resolvesse arrancar tudo, sob o argumento de que não vai ter Copa. Também é possível que famílias vizinhas há décadas tenham deixado de se cumprimentar por pensarem diferente sobre o Mundial.

Não estou exagerando: quem emite a sua opinião sobre a Copa corre o risco de ouvir coisas como “que decepção, achei que você fosse diferente”. Há alguns dias, o Marcelo Rubens Paiva postou a foto de dois ingressos para a Copa. Choveu gente deixando de curtir a sua página, os seus livros e, se duvidar, até achando merecido o que fizeram ao seu pai na ditadura. O próprio Romário, que vive batendo nos gastos da Copa, perdeu um punhado de fãs quando disse que irá torcer pelo Brasil. Só que perdeu também outro tanto que acha que ele não devia criticar nada, que está de perseguição com a Copa e que o momento é de apoio total!

As coisas estão tão confusas que, para justificar a Copa no Brasil, o Partido Comunista está até mesmo citando o Nelson Rodrigues, crítico feroz das esquerdas, como aquele que sempre denunciou o pensamento derrotista dos brasileiros. O mesmo Nelson costumava citar um personagem de Eça de Queiroz que estava sozinho em uma festa, olhando tristemente pela janela, quando uma dama perguntou se não queria dançar e ele respondeu: “Como posso dançar, se a Polônia sofre?”. É basicamente o dilema do brasileiro nessa Copa: como posso dançar, se o Brasil sofre? Paremos de dançar, de se divertir, de fazer festas ou amor: o Brasil sofre.

Da minha parte, não se pode esperar muito: para quem já fez o álbum de figurinhas, é de se presumir que assista aos jogos e, pior ainda, torça pelo Brasil. Que as gerações futuras saibam perdoar essa falha de caráter.

 

Não é pelos dez centavos

Feito o pagamento, o caixa me devolve o troco: uma nota de cinco, que eu coloco no bolso, e uma moeda de dez centavos, que permanece na minha mão porque não sei que destino lhe dar. Bolas, de que serve uma moeda de dez centavos? Eventualmente, eu até aproveito para completar o pagamento e facilitar a vida dos caixas. Mas isso acontece muito menos vezes do que eu as recebo, de modo que elas vão se acumulando lá em casa.

Reparo melhor na moeda desprezada. Seu ano de fabricação é 1994, ano de lançamento do Plano Real. Isso me leva a concluir que há vinte anos essa moeda está circulando pelo Brasil afora. De alguma forma ela continua sendo passada adiante, apesar do pouco valor. Lamento a impossibilidade de traçar os caminhos por onde esta moeda andou, as cidades, os supermercados, os restaurantes, os botecos, as farmácias em que foi distribuída como troco, talvez para pessoas que, como eu, não enxergavam grande vantagem em recebê-la.

Mas então eu me lembro do impacto que duas dessas moedinhas foram capazes de causar no país inteiro ano passado, quando acrescidas ao valor de uma passagem. E, por via das dúvidas, trato de colocá-la no bolso também.



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