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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Imigrantes

Sexta, 06 de junho de 2014

Imigrantes

Assim não dá mais para continuar – talvez esta conclusão nunca tenha passado de um estalo, algo de que se dá conta durante um aborrecimento, mas que logo se perde em meio às tarefas do dia-a-dia, fazendo com que se continue mesmo que não dê mais. Havia planos, é verdade, coisas que tornariam a vida melhor, mas coisas distantes, em que se acreditava apenas para não sucumbir, apenas para ter forças e resistir. E assim se passavam os dias, trabalhando duro em troca de um lugar para morar, algumas poucas moedas e o direito de criar os seus próprios animais, sujeitos sempre às vontades do proprietário, eventualmente esquecendo tudo em dia de festa, baile, música, respeitando os dias santos de Nosso Senhor, pois de fé nunca tiveram falta.

Houve o dia em que a oportunidade apareceu, a oportunidade real e ao alcance de todos, aquela que iria transformá-los em donos de terra, permitindo que eles mesmos colhessem o fruto do seu trabalho, que se fixassem em um único lugar, acabando com séculos de vida errante, passando a ser senhores das suas próprias vidas, deixando um futuro mais digno aos seus descendentes. Para isso era preciso viajar ao Brasil, deixar para trás todas as pessoas que conheciam, a terra em que viviam há várias gerações, partir para um lugar desconhecido, com outra língua, outros costumes, cruzar o oceano de navio durante mais de dois meses, animados unicamente pela promessa de que lá seria possível construir uma vida, um futuro, melhor.

Foi preciso muito pensar, porque era sempre um risco, e não faltou quem desistisse, quem achasse que talvez a vida que levavam não fosse tão ruim assim. Os que perseveraram fizeram a travessia, descobriram que a realidade não era como os seus sonhos, começaram a trabalhar, e depois de alguns anos muitos conseguiram a prosperidade que já não era possível na terra natal.

Hoje os descendentes buscam o brasão da família, para provar a sua origem nobre, e a cidadania europeia, para sair o quanto antes do Brasil.

 

Passo o ponto

Leio na entrada de um dos restaurantes em que costumo almoçar: “Passo o ponto”. E venho lendo isso há muito tempo, o que me leva a concluir que ninguém está interessado nele. O lugar até que é bem localizado. Mas talvez o dono esteja pedindo mais do que vale. E, além do mais, o espaço parece pequeno. Seja como for, o aviso continua lá, o que significa que o dono continua querendo passar o negócio adiante.

É um homem velho e irritado que costuma ralhar com suas funcionárias na frente de todo mundo. Eu me pergunto com que estado de espírito trabalharia eu caso quisesse passar o ponto e não conseguisse. Porque, por trás de um anúncio como “Passo o ponto”, eu consigo enxergar frases como “Não deu certo”, “Pensei que seria diferente”, “Quebrei a cara”, “Fracassei”, “Não estou satisfeito aqui”, “Quero fazer outra coisa da vida”. Em algum momento a esperança que o dono teve ao iniciar aquele negócio se desfez. E pensar que, mesmo diante de tão tristes constatações, ainda é preciso trabalhar lá!

Ultimamente nem o velho parece estar com esperança de fazer negócio. A cada cliente que vai embora ele diz “até amanhã”. No dia seguinte, inevitavelmente, ele estará lá de novo.  



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