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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Os desenhos do Pato

Terça, 10 de dezembro de 2013


Um homem desequilibrado que do seu apartamento havia começado a atirar com um rifle de caça entrou para a história da Islândia como o primeiro sujeito a ser morto pela polícia daquele país. Consternada pelo incidente, a polícia expressou suas condolências à família da vítima. A notícia correu o mundo, especialmente naqueles países em que a taxa policial de mortalidade é bem diversa, como, digamos, o Brasil. E não tardaram as comparações entre a nossa realidade e a de países mais desenvolvidos.

Coincidentemente, estou lendo uma coletânea de crônicas escritas nos anos 70 pelo Janer Cristaldo, jornalista gaúcho que estudou língua e literatura sueca na própria Estocolmo. Ora, quem viu a Suécia não deve ter visto nada muito diferente da Islândia. São ambos países nórdicos, e por isso mesmo famosos por jogarem na cara da humanidade os seus índices de desenvolvimento humano.

Aqui e ali, Cristaldo menciona aquilo que encontrou na Escandinávia: hospitais e remédios gratuitos, assim como as universidades, onde não existe vestibular, um Estado que não permite que se estude e trabalhe ao mesmo tempo, e que em caso de desemprego lhe dá um salário suficiente para comer bem, vestir-se bem, habitar bem, e ainda ter um telefone e um carro, um Estado que procura emprego para você e quando encontra vai até a sua casa avisá-lo, e que cobra dos milionários um imposto de renda que pode chegar a 85% do salário, além de publicar anualmente, para conferência de todos, um livrinho com os nomes de cada habitante e os respectivos impostos pagos.

O jornalista também descobriu que na Suécia a pornografia é menos obscena do que o Pato Donald. Isto é, a indústria do sexo é incentivada até como meio de reduzir o índice de crimes sexuais. Já o Pato Donald tem algumas cenas cortadas de seus filmes porque é um sujeito bastante agressivo, e isso sim é uma ameaça bons costumes do país.

Desconfio que também na Islândia os desenhos do Pato não sejam muito recomendados.

 

Pinheirinho

Como esta será a primeira vez que irei passar o Natal no meu pequeno quarto em Brasília, achei que devia ao menos montar uma árvore. Optei por uma árvore grandinha, com 1 metro de altura. Não quis comprar uma árvore pronta, mas uma que me desse o trabalho de enfeitá-la. Depois comprei algumas bolas coloridas e ganchinhos para pendurá-las, além de uma corrente de 50 luzinhas.

Coloquei a árvore na mesinha do ventilador, que foi transferido para o chão mesmo. Pude enfeitar sem risco de ser espetado pela árvore. Não botei nada que fizesse alusão a Papai Noel e presentes. Enchi de algodão – eu sei que não neva no Brasil, mas, que diabo, havia algodão nas minhas antigas árvores. Algodão e cabelo de anjo, aqueles macarrões prateados que simulam a chuva. Só que não gostei de como a árvore ficou com a chuva e tirei tudo. Também comprei uma estrela para o topo, mas tão pesada que entortava a ponta. Depois eu encontrei uma com o peso certo, e agora posso dizer que terminei.

Toda essa brincadeira me custou mais de cem reais. Vejo agora uma árvore falsa, com frutos falsos, coberta de neve falsa. Mas é bonita, e quem sabe com tudo isso eu consiga até mesmo resgatar alguma coisa verdadeira.



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