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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Otto, a praça e Getúlio Vargas

Quarta, 02 de outubro de 2013

 

Há algumas semanas defendi a alteração do nome da Praça Getúlio Vargas para “Jardim do Imigrante”. Aparentemente, agradei a gregos e goianos. Otto, o único alemão nascido em São Bento, foi um dos que mais me felicitaram. Achei exagero apenas quando sugeriu que também mudássemos a Jorge Lacerda para “Slomann”, a Felipe Schmidt para “Guetzow”, a José Zipperer para “Stefanstrasse” e, o que é pior, a Avenida Argolo para “Vebindungsweg”. Educadamente, agradeci as sugestões, mas disse que nesse momento precisávamos de foco – e o foco, evidentemente, era mudar o nome da Praça Getúlio Vargas.

Como era de se esperar, uma voz se ergueu contra a mudança: Otto, o filho do Otto. Para ele, o ideal seria suprimir de todos os documentos, antigos ou atuais, qualquer menção, ainda que indireta, a uma possível colonização feita por imigrantes. E, por mais que não lhe agrade dar à praça o nome de um ditador, ainda preferia isso a ter que reconhecer o seu passado europeu. Compreendamos: Otto renega sua história como o Dalton Trevisan faz com seus primeiros livros.

Mas eis que surgiu Anita, a nossa heroína – eu a apresentei há algum tempo: é a namorada do filho do Otto. Bolas, Anita é mais revolucionária que o bóson de Higgs. É mais chegada a um protesto que pico-pico em calça jeans. E foi justamente por isso que não apenas apoiou a alteração do nome da praça como inclusive quis organizar um protesto justamente no dia de aniversário da cidade. Verdade é que não se limitaria ao nome da praça: seria também contra a corrupção, o aumento da violência, Belo Monte, a guerra na Síria, o programa da Fátima Bernardes, e Deus sabe mais o quê. Enfim, era um protesto, e acabei acolhendo a ideia. O filho do Otto, sem saída, acabou cedendo às razões femininas e também passou para o nosso lado.

Tínhamos um grupo, afinal. E até então não havia aparecido nenhuma oposição. Eu tive o cuidado de ouvir a opinião do próprio Getúlio Vargas, o que só consegui graças à intervenção do Pai Fritz – esse ilustre são-bentense, primeiro pai de santo a usar sotaque alemão para conversar com almas penadas. Devo muitas das minhas descobertas históricas ao Pai Fritz, que já me baixou – literalmente – diversos livros antigos. Pois bem. Pai Fritz ouviu Getúlio Vargas, e descobriu essa coisa espantosa: Getúlio não se lembrava de existir uma cidade chamada São Bento. E quando perguntamos se aceitava abrir mão do nome da praça, disse que pouco se lhe dava, pois não pretendia largar a sua eternidade para visitá-la.

Disso se percebe que estão todos a favor, inclusive o maior interessado. Mas isso é justamente o mais curioso: ninguém é absolutamente contra a ideia, e a maioria é inclusive bastante simpática a ela. E, no entanto, não há até agora uma palha movida para que isso aconteça. Nem mesmo o nosso protesto aconteceu, pois houve aquele terrível temporal na véspera do aniversário, que destruiu na praça árvores contemporâneas ao Getúlio. Anita, que nas horas vagas é caçadora de teorias da conspiração, não deixou de ver nisso uma artimanha de forças ocultas, com o covarde objetivo de garantir que aquele que saiu da vida nunca mais saia da nossa história.



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