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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Ainda nos sertões de Taubaté

Quarta, 28 de agosto de 2013


Sendo turista, posso conhecer os museus que os próprios moradores da cidade nunca tiveram ocasião para conhecer, pois estão todos preocupados demais vivendo. Sei como é: moro em Brasília há três anos e, ao contrário dos turistas, ainda não conheci o Museu JK, e só na companhia de outros visitantes é que conheci o Palácio da Alvorada. Assim, não foi de se estranhar que poucos soubessem da localização e até mesmo da existência do bonito e completinho Museu Histórico Professor Paulo Florençano, em Taubaté. Ele está localizado na Avenida Thomé Portes Del Rey. Taubaté tem cerca de 300 mil habitantes, mas imagino que eu, estrangeiro, seja o único por lá capaz de citar Thomé Portes Del Rey entre os seus antepassados. Thomé fez parte dos homens que partiram para a região das Minas Gerais em busca de ouro. Alcançou o Rio das Mortes, perto da cidade que, por sua causa, é chamada São João Del Rey. Acabou morto pelos seus escravos. Com ele também andou Domingos Soares, cujo neto João um dia, sem razão conhecida, largou Taubaté e foi para Curitiba, contribuindo assim para que o cronista aqui não nascesse no Vale do Paraíba, mas na região das araucárias.

Mas isso são apenas histórias. Outra delas diz que Dom Pedro I dormiu em Taubaté. É sabido que uma das mais nobres funções dos imperadores é a de dormir nas cidades por onde passam. Assim fez Dom Pedro por uma única noite, em agosto de 1822. Logo se vê que, modéstia à parte, eu estou em vantagem, pois, somando minhas duas passagens por Taubaté, já cheguei a sete noites dormidas na cidade. É verdade que, depois de sair daqui, eu não dei nenhum grito às margens do Ipiranga, nem proclamei independência alguma. Assim é a vida.

Falava eu dos museus. Existe em Taubaté um Museu da História Natural, pertinho do Museu Histórico. Por história natural entenda-se coisas de milhões de anos atrás, de troncos de árvores a dinossauros. As datas são realmente de embasbacar. Há algumas réplicas em tamanho natural dos curiosos animais que em um dia bem distante habitaram a Terra. Descubro inclusive um dinossauro do Vale do Paraíba. Esse, mais recente, viveu há 23 milhões de anos. E eu me achando grande coisa por descobrir antepassados dos anos 1700. Não, eu pesquiso dinossauros mais recentes.

Ainda estava nesse maravilhamento quando apareceu um repórter da TV Vanguarda, a Rede Globo local, e perguntou se não podia fazer umas imagens minhas enquanto eu olhava a exposição. Eu autorizei, até porque ainda era cedo e não havia mais ninguém no museu. Mas eu conheço os jornalistas, e sabia que, depois das imagens, viria a inevitável entrevista. Falei então um tanto atabalhoadamente sobre o que acabara de ver. Foi o dia em que saí na Globo.

E mais não sei. Essas foram coisas que vivi enquanto estive nos Sertões de Taubaté, explorados pelo Capitão Jacques Félix e habitados anteriormente pelos índios guaianás. Já não se fala mais em ouro, mas principalmente em trânsito – há sempre alguma rua cuja mão deveria ser mudada, ou não, para facilitar a vida dos 180 mil veículos locais. E, mesmo sem ter bebido a água da Bica do Bugre, dou por cumprido o vaticínio de que quem assim fizer voltará um dia a Taubaté. 



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