Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)
Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF
Publico abaixo um artigo de Wilson de Oliveira Neto, professor e historiador em Joinville e São Bento do Sul, docente no Departamento de História da Universidade da Região de Joinville – Univille. E publico por achar o assunto de extrema importância, merecedor da maior atenção. E também porque, naturalmente, concordo com ele: está mais do que na hora do Arquivo Histórico de São Bento ter uma sede própria. Com a palavra, o historiador:
“Surgiu nas últimas semanas um sentimento de preocupação com parte do patrimônio histórico de São Bento do Sul entre as pessoas interessadas pelo passado desta cidade. O mal-estar começou nas redes sociais e ganhou destaque na imprensa periódica local. Não é para menos, pois trata-se da transferência do Arquivo Histórico de São Bento do Sul – AHSBS para o local onde está instalada a Biblioteca Pública Municipal, em um espaço reprovado pela equipe responsável pela guarda dos documentos escritos e visuais que formam o acervo do AHSBS.
Os documentos históricos são vestígios do passado com os quais a memória e a historiografia são nutridas. Desde a década de 1970, através da revolução documental promovida pela História Nova francesa, o conceito de documento histórico foi revisto e ampliado. Junto com os tradicionais documentos escritos, hoje o passado pode ser investigado e interpretado através de várias outras fontes documentais, tais como as fotografias e os relatos orais. Esses documentos, por sua vez, fazem parte do patrimônio histórico de uma cidade, de um estado ou mesmo de um país.
O Arquivo Histórico municipal é parte importante da memória e do patrimônio de São Bento do Sul. Criado durante a década de 1980, ele recebe, conserva e disponibiliza para os estudiosos inúmeros vestígios do passado são-bentense, na forma de correspondências, fotografias, jornais e até mesmo provas escolares. Ou seja, através da guarda e pesquisa de documentos públicos e privados, o Arquivo Histórico contribuiu para a preservação da memória e do patrimônio histórico, bem como contribui para a escrita da história em São Bento do Sul.
É inaceitável que o trabalho desenvolvido pela sua equipe seja prejudicado pelos improvisos do poder público. Já está mais que na hora de o Arquivo Histórico possuir uma sede própria nova, moderna e que atenda durante um bom tempo as demandas decorrentes da guarda de documentos históricos. Entende-se que o empreendimento não é fácil e nem “barato” e que há outras coisas tão importantes quanto a memória e a história de um município. Porém, até quando teremos de esperar por uma sincera preocupação com o passado de São Bento do Sul por parte das gestões públicas?
Geralmente, a memória e o patrimônio histórico são adereços, itens menores nos planos de governos. Afinal, o que é um Arquivo Histórico ou um Museu quando o “povo” quer asfalto ou saneamento básico? Mas, como diz a música, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. A memória e o patrimônio histórico são importantes, pois promovem o saneamento básico da alma, dizem quem nós somos, ajudam a pensar o presente e, quem sabe, planejar o futuro de uma cidade e seus habitantes.