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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Meu avô na Banda Treml

Terça, 30 de abril de 2013


- Hoje, 14/09/1958, realiza-se novamente a Festa dos Atiradores, em São Bento. Mas, infelizmente, está chovendo outra vez, e eu estou, por assim dizer, obrigado a ficar chocando aqui. De certo que mesmo com a chuva eles se divertem. É sempre para mim um dia enjoado sabendo que a Banda está tocando em alguma festa e eu não posso ir.

Quem se lamenta assim é meu avô Herbert e a banda em questão é justamente a Treml. Desde 1954 ele fazia parte da banda. Sempre gostou muito de ouvir e um dia foi conversar com o Xerife para ver se podia ter umas aulas. O Xerife concordou e propôs que aprendesse bombardino. Herbert começou a ter aulas e a acompanhar os ensaios da banda. Só escutando mesmo. Depois é que começou a participar pra valer, tocando nos bailes, festas, retretas e nas tantas viagens que a Banda Treml fez pelo Brasil.

Mas nesta época ele ainda morava em Campinas dos Crispim, no município de Piên, e só com muita dificuldade conseguia se deslocar para São Bento e participar dos ensaios e apresentações. Quando chovia, o ônibus simplesmente não conseguia chegar até lá. A enchente não dava passagem. Normalmente, desde Fragosos já estava tudo alagado. Nessas condições, não havia nem mesmo como aproveitar uma carona, coisa que muitas vezes fazia, porque as passagens de ônibus estavam cada vez mais caras. Passava então dias aborrecidos em casa, imaginando a diversão dos companheiros. Uma vez chegou a faltar em três ensaios seguidos e levou uma bronca do Xerife – que depois entendeu e aceitou as suas justificativas.

Quando não havia jeito, ia de bicicleta mesmo. Levava cerca de duas horas e meia. Às vezes com o próprio instrumento amarrado às costas. De vez em quando a chuva o surpreendia no caminho. Um dia, além de pegar chuva, quebrou o eixo da bicicleta. E ainda havia o risco de perder a viagem. Quando não havia ensaio da Banda, o Xerife mandava avisar o meu avô pelo motorista do ônibus. Mas se o ônibus não aparecia em Campinas, ele não tinha como ficar sabendo. E foi o que aconteceu num belo dia, quando chegou de bicicleta em São Bento e foi avisado de que não haveria ensaio.

Tinha dia que precisava sair correndo. Num domingo, meu avô ouviu na Rádio Rio Negrinho que havia falecido o Otto Roesler. A banda já havia acertado que iria tocar no seu enterro. Foi o tempo de ouvir no rádio, se arrumar, pegar o bombardino, amarrá-lo às costas e partir de bicicleta rumo a São Bento para poder chegar a tempo de tocar.

No ano de 1960, meu avô se mudou para São Bento e, para o seu alívio, pôde então acompanhar com regularidade os ensaios e apresentações da Banda Treml. Ele continuaria participando até 1989 e deixou registrado em cadernos todos os eventos da banda neste período. Esta é só uma parte da história de um dos membros da Banda Treml, que certamente, ao longo destes 100 anos, teve outros tantos homens abnegados e dedicados à música e que, como meu avô, sentiam-se extremamente satisfeitos de, ao fazer parte dela, também representar o nome de São Bento do Sul pelo Brasil afora. Estas pequenas histórias individuais formaram a impressionante trajetória da banda que convém lembrarmos neste raro momento de centenário. 



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